Assista à entrevista com o repórter Bruno Galo
Para o bilionário alemão Oliver Samwer, fundador da incubadora Rocket Internet, com sede em Berlim, existem duas maneiras de fazer negócios no mercado de tecnologia. Há o modelo consagrado pelo Vale do Silício – e praticado em boa parte do mundo – e o seu próprio jeito. No estilo do Vale, berço da inovação mundial e de empresas como Apple e Google, o tempo entre a primeira reunião de negócios e um eventual acordo costuma levar semanas, não raro meses. Já no modelo de Samwer, tudo se resolve em questão de dias. Às vezes, em poucas horas. “Somos, hoje, de longe os maiores e mais bem-sucedidos construtores de companhias digitais do mundo”, disse, sem falsa modéstia, Samwer em entrevista exclusiva à DINHEIRO.
Oliver Samwer, fundador da Rocket Internet: "Somos os maiores construtores de companhias digitais
do mundo. E queremos ser os mais velozes"
“E queremos ser sempre os mais velozes também.” Foi justamente assim que ele se tornou o maior – e mais controverso – investidor da web brasileira. Estima-se que a Rocket tenha investido no País pelo menos R$ 500 milhões, desde 2010. Enquanto algumas companhias estrangeiras passam anos estudando o nosso mercado, Samwer não perde tempo. A maior empresa de comércio eletrônico do mundo, a Amazon, por exemplo, há cerca de dois anos prepara discretamente a sua chegada ao Brasil, algo que enfim parece próximo de acontecer. No mesmo período, a Rocket já montou 16 empresas no País.
Suas principais apostas se dão justamente no varejo online, um mercado aquecido que movimentou cerca de R$ 20 bilhões, em 2011, no Brasil, e deve quintuplicar de tamanho até 2020, de acordo com a consultoria McKinsey. A Rocket é hoje, sem dúvida, uma impressionante fábrica de start-ups – ou, como preferem seus detratores e rivais, simplesmente uma bem azeitada linha de montagem de clones de companhias digitais bem-sucedidas. A estratégia de copiar, embora bastante criticada, está no cerne da ascensão meteórica de Oliver, 39 anos, e seus irmãos Marc, 42, e Alexander, 37, com quem ele fundou a Rocket em 2007.
Olho na tela: Eduardo Goes (à esq.) e Rodrigo Sampaio
dividem o comando da operação latino-americana da Rocket,
com sede em São Paulo
O americano Reid Hoffman, fundador do LinkedIn e investidor em mais de 100 empresas digitais, é um dos que torcem o nariz para o método. “Sinceramente, me parece uma postura eticamente questionável”, disse Hoffman à DINHEIRO. Em uma indústria que celebra a inovação, os irmãos Samwer se consagraram justamente por importar modelos promissores para novos mercados – e fazê-los crescer de forma bastante acelerada. Nem sempre a fórmula dá certo. Nesses casos, na mesma velocidade com que abre uma empresa, ele a fecha caso não esteja satisfeito com os resultados. “O modelo de imitadores (copycat, no jargão, em inglês) é natural em qualquer indústria – sempre foi assim”, disse à DINHEIRO Niklas Zennström, fundador do Skype e do fundo Atomico.
NEGÓCIOS NO BRASIL O melhor exemplo, até aqui, do modelo Rocket no Brasil é a Dafiti, loja de moda e estilo de vida. Com menos de dois anos de mercado, ela já está presente também em outros quatro países na América Latina e emprega 1,2 mil funcionários. Seu centro de distribuição ocupa 12 mil metros quadrados em Jundiaí, no interior de São Paulo, e a receita para 2012 é estimada em R$ 1 bilhão – cifra que a empresa não confirma oficalmente, nem desmente . “Oliver é dono de uma mente brilhante”, diz Malte Huffman, sócio-fundador da Dafiti. A empresa é decalcada da loja alemã Zalando, criada pela Rocket e presente em 14 países na Europa. Esta, por sua vez, foi inspirada na americana Zappos, vendida em 2009 por US$ 1,2 bilhão para a Amazon.
“Inspirar-se em um modelo ou ideia existente não tira o mérito de um empreendedor bem-sucedido”, afirma o argentino Marcos Galperin, fundador e CEO do Mercado Livre, ainda hoje citado como o eBay da América Latina. Essa é basicamente a história por trás de diversas empresas de sucesso na internet brasileira, do Submarino ao Peixe Urbano, da Decolar à Netmovies, para citar poucos exemplos. Para Samwer, a equação de uma empresa bem-sucedida envolve uma boa ideia, mas, sobretudo uma realização primorosa. “Sem uma boa execução você não tem nada”, diz. É certo que o estilo dos irmãos Samwer está longe de ser uma unanimidade, mas, como escreveu recentemente o diário nova-iorquino The Wall Street Journal “goste-se ou não, a Rocket é muito boa no que faz’’.
Jovens empreendedores: (da esq. para a dir.) Fábio Tran, da Airu; Renata Bergman, da GlossyBox; Fábio Modolo, da Kanui; Victor Noda,
da Mobly; Tallis Gomes, da EasyTaxi; Anthony Martins, da Westwing; Gustavo Furtado, da Tricae; e Adriana Costa, da 21Diamonds
A despeito das críticas, a incubadora é vista por diversos profissionais do mercado online brasileiro como relevante para a construção de um ecossistema de empreendedorismo digital no País. “Sem dúvida, eles estão contribuindo”, disse um importante investidor nacional. Além da Dafiti, algumas outras companhias lançadas por Samwer e sua equipe por aqui já se destacam. É o caso da loja virtual Mobly, de móveis e itens para o lar. As outras start-ups criadas pela Rocket no País se espalham pelas mais diferentes áreas de negócios online, como meios de pagamento, aplicativos móveis, agendamento de consultas médicas, etc. Somadas, as empresas lançadas pela incubadora no Brasil já empregam quase três mil pessoas e devem gerar uma receita estimada em cerca de R$ 2 bilhões neste ano.
Para efeitos de comparação, a subsidiária do todo-poderoso Google, por exemplo, em atuação no País desde 2005, possui menos de 500 funcionários locais e levou seis anos para romper a marca de US$ 1 bilhão de faturamento. “Somos um dos mais, se não o mais importante polo de empreendedorismo latino-americano”, afirma Eduardo Goes, que divide a presidência da Rocket na América Latina com Rodrigo Sampaio. A dupla de executivos é sócia da operação local – uma prática comum de Samwer em suas empresas. “Ninguém atraiu tantos talentos e capital para novos negócios de internet ou gerou tantos empregos diretos na área nos últimos anos como nós”, afirma Sampaio.
Apesar da largada impressionante da Rocket no País, a corrida é longa e apenas o tempo dirá quais as empresas que perdurarão. “Temos uma cultura baseada na performance”, afirma Victor Noda, que divide com Marcelo Marques o comando da Mobly, cuja expansão para outros países na América Latina deve começar em 2013. A cobrança por desempenho vem diretamente de Samwer. Taxa de conversão, custo por clique, alcance e custo de aquisição de cliente são apenas algumas das métricas sobre as quais ele questiona os CEOs de cada negócio. Pode parecer um processo rígido – e de fato é –, mas foi assim que a Rocket abriu escritórios em 25 países, distribuídos pelos cinco continentes, que tocam as operações de pelo menos 50 empresas, muitas delas presentes em vários mercados simultaneamente.
Ao todo, a Rocket possui mais de 20 mil funcionários. À frente dessa imensa operação, Samwer mantém um ritmo acelerado. Suas visitas aos países nos quais mantém subsidiárias são constantes, embora de tão rápidas passam despercebidas por boa parte do seu time. “Já fizemos reuniões com o Oliver até dentro de um táxi”, conta Sampaio, da Rocket no Brasil. Sem tempo a perder, Oliver é frequentemente descrito como “um homem de poucas palavras”, além de “objetivo, persuasivo, direto, prático, embora detalhista, e linha dura com os seus subordinados”. Exemplo desse comportamento aconteceu em outubro do ano passado.
Na ocasião, ele enviou um e-mail aos responsáveis pelas lojas de móveis e itens para o lar na Índia, Turquia, África do Sul, Austrália e Sudoeste da Ásia – a operação brasileira era citada como referência na mensagem. O objetivo era cobrar melhores resultados. Samwer escreveu: “O momento para um ataque relâmpago (no original blitzkrieg, termo usado pelo Exército nazista) deve ser escolhido com sabedoria.’’ O texto terminava com a seguinte frase: “Eu sou o cara mais agressivo da internet no planeta. Eu morreria para vencer e espero o mesmo de vocês.” Quando a mensagem veio a público, Samwer prontamente se desculpou pelo uso “inadequado” de algumas palavras.
E, mais tarde, se justificou dizendo que, no fundo, o e-mail refletia apenas seu “entusiasmo” e “paixão”. Certamente não se trata de um estilo inédito entre os homens de negócios bem-sucedidos. O mítico fundador da Apple, Steve Jobs, por exemplo, era por vezes descrito como tirano. Desde então, no entanto, as aparições públicas de Samwer se tornaram ainda mais raras, assim como os elogios ouvidos por aqueles escolhidos por ele para tocar seus negócios ao redor do mundo. E quando faz algum, Samwer geralmente o acompanha com uma crítica: “Parabéns, muito bom, mas por que você não fez isso antes?” Não é por acaso que, recentemente, a revista americana Inc. escreveu que ele é hoje “o mais importante empresário alemão, embora seja também o mais odiado”.
Negócio bilionário: lançada em 2011, a Dafiti, de Malte Huffmann (à esq.),
Thibaud Lecuyer e Philipp Povel, já está em cinco países e deve
faturar R$ 1 bilhão este ano
CARTÃO DE VISITA Samwer é conhecido ainda pela capacidade de identificar bons negócios. Foi assim com as compras coletivas. Vendo o rápido crescimento do Groupon nos EUA, no fim de 2009, ele decidiu clonar o modelo na Alemanha, no início do ano seguinte, batizando a nova empresa de CityDeal. Em maio, o próprio Groupon comprou a empresa dos Samwer, que tinha 600 funcionários na época e já havia se tornado a líder do setor em 13 países da Europa. A transação tornou os irmãos responsáveis pela expansação global da companhia, além de donos de uma participação de 14% no Groupon, que na ocasião de seu IPO, em novembro do ano passado, chegou a ser avaliado em US$ 18 bilhões.
Desde então, o modelo de compras coletivas tem se mostrado cada vez mais desgastado e os papéis do Groupon desabaram. Ao mesmo tempo que a acelerada expansão do Groupon serve como grande cartão de visita dos Samwer, esse projeto também gera questionamento quanto à sustentabilidade do modelo da Rocket no longo prazo, especialmente no momento em que eles investem em tantos diferentes mercados ao mesmo tempo. “Nunca houve uma expansão internacional tão rápida na história quanto a do Groupon”, disse à DINHEIRO um investidor ligado a um grande fundo do Vale do Silício. “Mas a que preço?”
Seria precipitado fazer qualquer julgamento sobre o futuro das empresas comandadas por Samwer. É certo, no entanto, que o investidor alemão não é infalível. Mas com os cofres recheados de recursos provenientes de diversos fundos, como o sueco AB Kinnevik – dono de 25% da Rocket –, o americano JP Morgan, o russo DST Global e o alemão Tengelmann Ventures, entre outros, Samwer deve seguir copiando empresas. Sua motivação? Segundo suas próprias palavras, o que o atrai nesse negócio é a sensação de vencer e “seguir provando que somos os melhores no que fazemos”. Então, que venham os próximos clones.
“Valorize a inteligência mais que a experiência”
Nesta entrevista exclusiva à DINHEIRO, o reservado bilionário alemão Oliver Samwer, o homem que trouxe o Groupon ao Brasil e hoje é dono de 16 empresas digitais no País, como Dafiti e Mobly, fala sobre a ascensão meteórica da sua Rocket Internet. Ele garante ainda que o segredo do seu sucesso não é copiar empresas bem-sucedidas, mas, sim, trabalhar duro.
Qual é a importância do mercado brasileiro para a Rocket?
Enorme. O varejo off-line não cresce rápido o suficiente para atender à nova classe média, o que acaba criando uma oportunidade significativa para o varejo online. Em quatro anos, o comércio eletrônico na América Latina deve aumentar de € 20 bilhões para cerca de € 50 bilhões. A Rocket está no Brasil para o longo prazo.
Algumas empresas da Rocket têm registrado um crescimento bastante acelerado. Mas elas são sustentáveis no longo prazo?
Temos construído empresas online desde 1999. Já criamos mais de 100 companhias líderes de mercado, em mais de 40 países. E pelo menos uma dezena delas já foi vendida com grande êxito. Criamos empresas bem-sucedidas e sustentáveis – não poderia ser de outra forma.
A Rocket é frequentemente citada como uma fábrica de clones de empresas digitais bem- sucedidas...
A ideia é apenas uma parte dessa equação – a outra é a execução. E sem uma boa execução você não tem nada. Trazemos novos modelos de negócios de forma mais rápida para os consumidores de mercados emergentes, criamos milhares de novos empregos nesses países, e geralmente aprimoramos as ideias já existentes. Entendemos que o sucesso é resultado de muito trabalho duro.
Qual é o seu conselho para os jovens brasileiros que estão começando um negócio?
Sejam humildes, pragmáticos e não percam tempo com política. Valorizem a inteligência mais que a experiência e trabalhem duro.
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Olhe para todos os lugares bonitos Possuído por mais rico da América do Barão Terra
O magnata da mídia John Malone é dono de área equivalente a duas vezes o estado de Delaware, ou 151 vezes a ilha de Manhattan.
Malone
império 2.200.000 hectares é o maior latifúndio privado no país, de acordo com o Relatório de Terra 2012.
Suas terras variam de florestas, de sobremesa, ilhas, para os portos.
E enquanto muitos dos
maiores proprietários de terras no país mantiveram suas terras há décadas, Malone adquiriu a maior parte de sua terra recentemente. Malone adquiriu a 290 mil hectares, Novo México
de Bell Ranch em 2010 e mais de 1 milhão de hectares de Maine e New Hampshire deserto em 2011.