quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

As buchas vegetais novos designs

   Em Bonfim, cidadela a 40 quilômetros de Belo Horizonte (MG), quem não planta bucha, a transforma em arte ou em dinheiro. O município ostenta o título de Capital Nacional da Bucha e virou expoente da nova realidade do agronegócio: a diversificação sustentável da economia rural e o redescobrimento de um produto da época da vovó, que pegou carona na sustentabilidade, ganhou status de ecologicamente correto, e voltou para o mercado com preços supervalorizados. A bucha vegetal, ou bucha de metro, em sua forma mais tradicional, esponja, é forte no setor de cosméticos e invade o ramo da limpeza doméstica. Na indústria automotiva, substituiu a espuma sintética dos revestimentos de bancos de carros, e na construção civil, tornou-se material de isolamento acústico. As lavouras, que se concentravam na região de Bonfim, se espalharam pela Zona da Mata, onde o cultivo tomou o lugar do milho em ritmo acelerado.“Constatamos um crescimento de 15% em relação ao ano passado”, diz Georgeton Silveira, coordenador técnico da Empresa de Assistência Técnica e Expansão Rural de Minas Gerais, Emater/MG. “É um cultivo que se adapta bem na região e tem grande demanda no mercado, visando a vários segmentos industriais.” Segundo a Emater, os itens que atraem os produtores são o preço do produto ante o custo de produção, R$ 35/dúzia a venda para R$ 10/dúzia de custo, e a produtividade, que gira em torno de 1.000 a 1.200 dúzias/hectare.
Quem começou a espalhar as lavouras de bucha pela Zona da Mata foi Sylvio Lanna. Há 12 anos, ele herdou 90 hectares de terras da família e decidiu tornar-se empreendedor rural. “Eu não tinha ideia do que fazer com aquelas terras e disseram que a bucha era rentável, que se adaptaria bem ao clima e que dava igual chuchu na cerca”, brinca. “O cultivo da bucha tem um papel fundamental na questão ambiental e reflete diretamente na economia.” Sua intenção é formar um novo polo produtivo na região. O trabalho começou com a distribuição de sementes aos vizinhos e depois, para fazendeiros do Estado inteiro. Fora de Minas, ele vende o quilo da semente a R$ 100. “A bucha vegetal brasileira é um produto que tem demanda mundial”, frisa o agricultor.
Apesar de sua produção atender a indústria cosmética, o foco de Lanna é o setor de limpeza, segmento que ele considera carente de soluções sustentáveis. “O momento é crucial para este setor, que precisa de alternativas sustentáveis para substituir as esponjas sintéticas”, alerta. Além da propriedade particular, Lanna criou a lavoura de cotas Buchal da Lagoa, em Urucânia, em parceria com 12 empresários. “Cada sócio aportou R$ 2 mil no parreiral, que está na primeira safra. O objetivo é promover um rodízio para colhermos bucha o ano todo e atender à demanda crescente”, explica. De início, o Buchal da Lagoa conta com 15 hectares, mas em 2011 deve atingir 25 hectares. “Queremos 25 safras anuais.”
 fotos: HUMBERTO FRANCO 

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