quarta-feira, 20 de julho de 2011

O jurista Dalmo Dallari apresentou na semana passada requerimento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que todos os brasileiros possam votar no plebiscito sobre a divisão do Estado do Pará em três novas unidades federativas –Pará (remanescente), Carajás e Tapajós. Em 30 de junho, último dia de sessão antes do recesso judiciário, o tribunal definiu as regras do plebiscito, e decidiu que todos os eleitores do Pará devem votar.

O requerimento de Dallari, de natureza administrativa, se baseou no artigo 18 da Constituição Federal, segundo o qual a criação de novos Estados deve ser votada pela “população diretamente interessada”. “A população de todo o Brasil é diretamente interessada, já que é povo brasileiro quem arcaria com os custos da instalação dos Estados”, disse o jurista em entrevista ao UOL Notícias.

De acordo com cálculos do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), os custos anuais de manutenção de Carajás e Tapajós seriam de R$ 2,9 bilhões e R$ 2,2 bilhões, respectivamente, o que geraria um déficit de R$ 2,16 bilhões, montante que seria pago pelo governo federal. Em média, Tapajós gastaria 51% do seu PIB (Produto Interno Bruto) com a máquina pública e Carajás 23% --a média nacional é de 12,72%.

Dallari afirma ainda que a criação de Carajás e Tapajós obrigaria a eleição de mais seis cadeiras no Senado, medida que aumentaria o número de senadores para a mesma quantidade de eleitores e, ao mesmo tempo, reduziria a representação proporcional dos outros Estados. “Os direitos políticos dos eleitores de outros Estados são afetados”, diz.

Se Carajás e Tapajós forem criados, cada Estado terá três senadores --como todas as unidades da federação-- e oito deputados federais cada, além de 24 deputados estaduais por Estado. O Pará remanescente teria entre 12 e 14 deputados federais (atualmente são 17) e cerca de 39 deputados estaduais, contra os 41 atuais.

Enquete: Você é contra ou a favor da divisão do Pará?

Caso a divisão aconteça, além dos cargos públicos comissionados e concursados, seriam criados 66 novos cargos eletivos: dois governadores, seis senadores, 12 deputados federais e 46 deputados estaduais.

O jurista diz ser contra a divisão do Pará pelo custo de implantação dos novos Estados e pela ausência de estudos comprovando que a criação das unidades traga melhorias concretas para a população. “Não há nenhum plano, nenhum projeto de aplicação que demonstre que a criação dos Estados vai melhorar a região.”

O TSE retoma as atividades em agosto, após o recesso. Dallari acredita que logo nos primeiros dias úteis do segundo semestre o tribunal volte a debater as regras do plebiscito.

Favoráveis à separação

Na contramão do jurista, a frente parlamentar que reúne os favoráveis à criação de Carajás e Tapajós quer que somente eleitores residentes nas áreas dos possíveis futuros Estados votem no plebiscito, sob o argumento de que somente a população das duas regiões serão diretamente afetadas.

Na próxima quinta-feira (21), a frente será lançada oficialmente em Belém, Santarém e Marabá. Na apresentação, o publicitário Duda Mendonça, que comandará o marketing separatista de Carajás, exibirá algumas peças publicitárias.

O plebiscito está marcado para 11 de dezembro. A campanha eleitoral, que inclui horário político e financiamento público, começa a menos de três meses, em 13 de setembro. Caso a população aprove a criação dos novos Estados, a proposta terá que ser referendada na Assembleia Legislativa, aprovada no Congresso Nacional e depois sancionada pela Presidência.

VEJA A POSIÇÃO DOS DEPUTADOS FEDERAIS SOBRE A DIVISÃO DO PARÁ

DeputadoPartidoDomicílioVotosPosição sobre
a divisão

André Dias
PSDBBelém36.795Contra

Arnaldo
Jordy
PPSBelém201.171Contra

Asdrubal
Bentes*
PMDBCarajás87.681A favor

Beto Faro
PTBujaru (Pará remanescente)169.504Neutro

Claudio Puty
PTBelém120.881Contra

Dudimar
Paxiuba
PSDBItaituba (Tapajós)25.166A favor

Elcione
Barbalho
PMDBBelém209.635Contra

Giovanni
Queiroz
PDTRedenção (Carajás)93.461A favor

José Priante
PMDBBelém172.068Neutro

Josué Bengtson
PTBMarabá (Carajás)112.212Neutro

Lira Maia
DEMSantarém (Tapajós)119.548A favor

Lúcio Vale
PRBelém142.116Contra

Luiz Otávio
PMDBBelém36.828Neutro

Miriquinho
Batista
PTAbaetetuba (Pará remanescente)126.055Neutro

Nilson Pinto**
PSDBBelém140.893Contra

Wandelkolk
Gonçalves
PSDBItupiranga (Carajás)68.547A favor

Wladimir Costa
PMDBBelém236.514Contra

Zé Geraldo
PTMedicilândia (Tapajós)119.544Contra

Zenaldo
Coutinho***
PSDBBelém154.265Contra

Zequinha
Marinho
PSCConceição do Araguaia (Carajás)147.615A favor

* Assumiu o cargo de secretário da Pesca do Pará e deu lugar a Luiz Otávio
** Assumiu o cargo de secretário da Educação do Pará e deu lugar a Dudimar Paxiuba
*** Assumiu o cargo de secretário chefe da Casa Civil do Pará e deu lugar a André Dias

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