Medo de estagnação derruba Bovespa para níveis de 2009
terça-feira, 2 de agosto de 2011 18:00
Por Silvio Cascione
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa brasileira despencou ao menor nível em quase dois anos nesta terça-feira, seguindo de perto a forte baixa das ações norte-americanas, por causa da preocupação com o crescimento da economia global e com a dívida dos países europeus.
O Ibovespa recuou 2,09 por cento, a 57.310 pontos. É o menor patamar de fechamento desde 4 de setembro de 2009, quando ficou em 56.652 pontos. O giro financeiro do pregão foi de 6,3 bilhões de reais.
O mercado praticamente ignorou a aprovação do acordo nos Estados Unidos para elevar a dívida do país e evitar uma moratória. Após uma série de indicadores piores que o esperado sobre a economia global nas últimas semanas, o mercado agora revisa para baixo as previsões sobre o crescimento mundial.
O número mais recente, nesta terça-feira, mostrou que o gasto do consumidor norte-americano caiu em junho pela primeira vez em quase dois anos. Na sexta-feira, o mercado aguarda o relatório de emprego dos Estados Unidos, que decepcionou os investidores no mês passado.
"Aumentaram o limite do cheque especial (nos Estados Unidos). Mas e agora, será que a economia começa a andar?", questionou Rossano Oltramari, analista-chefe da XP Corretora.
Os índices Dow Jones e Standard & Poor's 500 despencaram 2,2 e 2,6 por cento, respectivamente. Foi a sétima queda seguida do S&P 500, pior série desde outubro de 2008.
Oltramari destacou ainda a forte alta dos juros dos bônus italianos, com recorde desde a criação do euro. A Itália é o segundo país mais endividado da zona do euro.
Agora, se o Ibovespa se consolidar abaixo do suporte gráfico de 58 mil pontos, o próximo nível é em torno de 55 mil pontos, afirmou o analista. A ação com maior volume dentro do Ibovespa foi Itaú Unibanco, com baixa de 5,8 por cento, a 29,58 reais, após frustrar o mercado com um lucro líquido recorrente de 3,3 bilhões de reais no segundo trimestre.
"Os números abaixo do esperado provavelmente vão provocar revisões dos lucros", afirmaram os analistas Marcelo Telles e Victor Schabbel, do Credit Suisse.
O papel da empresa Hypermarcas teve a maior queda, 8,06 por cento, a 10,95 reais, e o da varejista eletrônica B2W a maior alta, 3,04 por cento, a 14,89 reais.
O Congresso dos Estados Unidos enterrou a possibilidade de uma moratória dos EUA ao aprovar um pacote para redução no déficit nesta terça-feira. Mas as incertezas permanecem sobre uma possível redução no rating do crédito do país norte-americano.
O presidente dos EUA, Barack Obama, saudou o comprometimento em cortar o déficit, obtido com dificuldade, como "um primeiro passo importante". O acordo eleva o teto da dívida de 14,3 trilhões de dólares após a aprovação do plano pelo Senado norte-americano em uma votação de 74 a 26.
Porém, sinalizando possíveis batalhas políticas sobre cortes nos gastos e reformas tributárias adiante, Obama disse que os sacrifícios precisam ser partilhados equitativamente pela sociedade norte-americana, incluindo os mais ricos.
"Todos terão que contribuir, e isso é apenas o justo", disse o presidente em um pronunciamento da Casa Branca após o Senado aprovar o acordo para redução da dívida.
A aprovação final do Congresso foi concluída apenas algumas horas antes da expiração do prazo para que o Tesouro pudesse fazer empréstimos.
Esperava-se que Obama, que buscará obter um segundo mandato no ano que vem, lavrasse imediatamente o acordo nesta terça-feira.
Sua assinatura traçaria uma linha abaixo de meses de disputas partidárias sobre a estratégia a ser adotada sobre a dívida, que ameaçou levar os mercados financeiros ao caos e pôs em xeque a posição dos norte-americanos como a superpotência econômica mundial.
Havia pouco suspense sobre o desenrolar da votação no Senado, controlado pela maioria democrata.
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