quarta-feira, 12 de outubro de 2011

greve dos correios

A greve dos bancários, que já passou de duas semanas, já começa a prejudicar o comércio, segundo o assessor econômico da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Fábio Pina.

"Os efeitos da greve não dependem apenas de os bancos oferecem alternativas ou não, mas do tempo da paralisação", diz Pina. "Se tivesse durado um ou dois dias, não haveria tantos problemas."

Um dos pontos é o acúmulo de dinheiro em caixa. "Essa é uma questão, principalmente, de segurança. O ideal é o comerciante ir fazendo depósitos aos poucos no caixa eletrônico, para deixar o mínimo possível de dinheiro em caixa", sugere.

O assessor econômico da Fecomercio aconselha o comerciante, ainda, a tentar pagar os fornecedores em dinheiro. E nunca levar o dinheiro para casa. "Isso apenas transferiria o risco de um lugar para o outro."

Fábio Pina diz que a greve dos Correios, que durou quase um mês, também causou transtornos aos comerciantes. O Tribunal Superior do Trabalho determinou que os funcionários dos Correios devem retornar ao trabalho nesta quinta-feira (13).

Além de terem dificuldade para pagar contas –inclusive de serviços que podem ser suspensos por falta de pagamento-, os lojistas viram também seus custos aumentarem, uma vez que tiveram de optar por outras formas de envio de produtos e documentos, contratando empresas de entrega ou motoboys.

A greve da economia

Ele admitiu que as pessoas têm “alguma razão” em culpar os bancos pelos problemas. Os manifestantes ganharam até a solidariedade do presidente Barack Obama, que aproveitou para alfinetar os banqueiros, dizendo que eles agiram de maneira irresponsável durante a crise, e agora buscam travar os avanços na regulamentação do setor. Três anos após a quebra do Lehman Brothers, que desencadeou a maior crise desde 1929, as mudanças o são pouco percebidas pelos americanos. É fato que, os bancos têm de ter mais capital para operar. No entanto, o lobby do setor travou as propostas mais radicais de reforma, como a de separar os bancos de investimento dos comerciais. Para os clientes, o que aparece é que as tarifas subiram e está mais difícil conseguir crédito. Para complicar, os bônus dos banqueiros voltaram à casa dos bilhões. No ano passado, eles receberam um recorde de US$ 135 bilhões em remuneração variável, segundo o The Wall Street Journal. Nada poderia ser mais impopular num país onde o desemprego não dá trégua e o crescimento previsto para este ano é de pífio 1,5%.
Nesse explosivo caldo de cultura, alguns dos princípios mais sagrados do imaginário americano – como a valorização do sucesso individual e a desconfiança quanto à atuação do Estado na economia – vêm sendo postos em xeque. Os acampados em Wall Street simbolizam a percepção crescente de que uma economia desenhada para gerar lucro e concentrar renda não é capaz de corrigir, sozinha, as crises que gera. Lentamente, o modelo que prevalece desde a presidência de Ronald Reagan, de desregulamentação da economia, corte de impostos e desidratação do Estado está perdendo apoio da sociedade. Algumas propostas enviadas por Obama ao Congresso seriam impensáveis há poucos anos, como o estímulo fiscal de US$ 477 bilhões à economia e uma alíquota adicional de imposto de renda de 5% para contribuintes que ganhem acima de US$ 1 milhão anuais. Na verdade, mais que uma reviravolta ideológica, o que está por trás dessa mudança é o bom e velho pragmatismo dos Estados Unidos. O que os americanos querem são soluções eficazes contra a estagnação econômica – e quanto antes, melhor.

Irã. Cópias piratas se espalham depois da condenação da atriz Vafamehr a 90 chibatadas e um ano de cárcere






A atriz iraniana Marzieh Vafamehr foi condenada às penas de 365 dias de prisão e 90 chibatadas.


Marzieh Vafamehr não teve a mesma sorte da atriz Golshifeth Farahani que conseguiu, depois de condenada a seis anos de cárcere e uma centena de chibatadas, deixar Teerã e fugir para Paris.


Desde julho, Marzieh Vafamehr está presa e só pode se comunicar com o advogado, -- que disse que apelará da sentença--, e um familiar.


Para difundir o medo e humilhar o condenado e os seus familiares, as chibatadas são públicas. Mais ainda, o carrasco golpeia com força. No domingo passado, um estudante de direito foi tirado da cela do temido presídio de Evin (Teerã) e, em praça pública, recebeu 70 chicotadas. Ficou horas no local, pois não conseguia andar depois de golpeado. Um efeito não esperado da condenação de Marzieh Vafamehr surpreendeu o presidente Marmud Ahmadinejad e o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei. É que uma avalanche de filmes piratas circula pelo Irã e a guarda xiita que reprime atos contra a moral e os bons costumes não consegue realizar as apreensões.


Cópias piratas, segundo analistas de inteligência do Ocidente, poderão penetrar por todo mundo árabe e tentar que já sentiu a força da Primavera Árabe.


O filme estrelado por Marzieh Vafamehr começa com a polícia de costumes a invadir o apartamento onde se realiza uma festa e surpreende homens e mulheres a dançar. Um dos policiais berra às jovens: “ Vocês pensam que estão na Europa? Se cubram, já”. Logo depois, determinam que os homens se afastem das mulheres.


Com a exibição proibida em todo o Irã, o filme leva o título de “My Teheran for sale” (Minha Teerã em saldo, venda). Ele conta a história de uma jovem que, depois de ver o teatro fechado pela polícia dos costumes, passa a viver na clandestinidade para poder se expressar artisticamente.


Pano Rápido. Os obscurantistas responsáveis pelo teocrático estado iraniano continuam a perseguir os artistas e todos que descumprem as proibições como, por exemplo, ingerir bebidas alcoólicas. E usuários de drogas proibidas são dados, muitas vezes, como traficantes e enforcados publicamente.


Poucos dias atrás, a Anistia Internacional soltou nota contra a prisão de seis documentaristas iranianos: “As autoridades iranianas irritam-se contra a cinematografia”. Os documentaristas são acusados de denegrir a imagem do Irã dos aiatolás.
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3 jeitos de ajudar seu filho a ter dinheiro

Previdência, títulos públicos ou ações - conheça três jeitos de acumular uma poupança para seu filho estudar, viajar e começar a vida profissional

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Divulgação

Universidade de Harvard

– Visual Merchandising (VM) é o nome acadêmico da incrível arte de tornar um produto atrativo e sedutor o suficiente para que capture a atenção do mais distraído dos transeuntes e o faça perder uns minutinhos dentro de uma loja.

Poupar nos primeiros anos de vida pode garantir estudos superiores até no exterior.

Sylvia Demetresco, acadêmica da área e profissional brasileira de renome no exterior, o objetivo central de uma vitrina (isso mesmo, com a vogal “a” ao final), é elevar o produto ao status de “estrela” perante os olhos dos consumidores, “a última chance que a marca tem de seduzir e impressionar o público”, ou seja, é ferramenta essencial para turbinar vendas em qualquer setor.

Para que se crie uma vitrina de impacto e inovadora o suficiente para ser, de fato, notada, ela explica que é preciso associar a apresentação do produto, uma série de elementos, que desde cores e texturas, passando por uma iluminação técnica e lisonjeira até a escolha dos manequins, que devem corresponder ao público alvo da marca, “seja na gestualidade ou formato do corpo”.

Sylvia, que também atua como editora de uma das maiores publicações internacionais de VM do mundo, a revista Inspiration, e faz parte do time de fundadoras do Instituto Merchandising Brasil, vive na França há dez anos onde dá aulas em disciplinas relacionadas ao mercado do luxo e VM. Em uma conversa com EXAME.com, Sylvia, que há 40 anos trabalha no setor, falou sobre as estratégias para criar uma vitrina de sucesso e o mercado VM no Brasil e no mundo.

Exame.com - Quais elementos não podem faltar em uma vitrina para que ela atinja seu objetivo?

O professor franco-suíço Dominique Turpin, presidente do IMD, a principal escola de negócios suíça, conhece muito bem o Brasil por receber, anualmente, um grande número de executivos de empresas brasileiras. Profissionais da Vale, Suzano, Odebrecht e Natura, entre outras, já se sentaram nos bancos da escola, em Lausanne, na Suíça francesa, em busca do conhecimento global que a escola oferece. “Mais de cinco mil executivos brasileiros já passaram por aqui nas últimas décadas”, diz Turpin, que vai inaugurar um centro de pesquisa do IMD no País. Fã do Brasil, Turpin avalia, contudo, que o País não trata com seriedade o comércio internacional de produtos de maior valor agregado. “O Brasil está longe de explorar seu potencial global porque as companhias se acomodaram na estratégia de dominar o mercado doméstico”, afirma. Um risco, diz ele, uma vez que a economia no Brasil é a mais aberta de todos os BRICs. “Isso torna as companhias brasileiras mais vulneráveis a investidas de estrangeiros.”

Sylvia: Luz. Tudo pode estar perfeito, mas se a iluminação não for bem estudada, como num teatro, a cenografia não terá o impacto necessário. Além disso, é preciso pensar nas cores a serem usadas e prestar atenção nos mínimos detalhes da montagem. É um trabalho longo e que exige que sua preparação seja feita com antecedência.


DINHEIRO – Percebemos mais interesse, hoje, por educação para os negócios no Brasil do que no passado. Como o IMD avalia essa demanda?

DOMINIQUE TURPIN – Temos mais clientes brasileiros atualmente do que há cinco anos. O número de empresas, como Vale, Suzano e Odebrecht, aumentou. Oferecemos oportunidade de desenvolver talentos globais. Mais do que as escolas locais de vocês, como Fundação Getulio Vargas ou Fundação Dom Cabral, nós trabalhamos essa leitura da globalização. Veja, a cúpula das empresas no Brasil não tem muitos estrangeiros. A matriz da Nestlé, por outro lado, na Suíça, tem 20 pessoas de nacionalidades diferentes na cúpula. Nós damos essa perspectiva global, que é única.
DINHEIRO – O sr. acha que as empresas brasileiras devem desenvolver mais essa visão global?

TURPIN – Definitivamente. É interessante que, quando você olha para os países do BRICs, você vê que o Brasil é o país mais vulnerável.
DINHEIRO – Por quê?

TURPIN – Porque na Índia, na China e na Rússia as empresas são muito mais protegidas pelos respectivos governos. É difícil para os estrangeiros adquirir companhias nesses países. O Brasil é uma economia muito mais aberta. E um dos atrativos do País são seus recursos naturais. O preço desses recursos está crescendo, o que deixa todos os brasileiros felizes, mas o que vocês não entendem totalmente é que exportam muitos bens para a China, justamente o país que mais está investindo no Brasil. Mas o que eles fazem é importar seus recursos naturais, transformá-los e vendê-los de volta para vocês mesmos. Sem mudanças, os brasileiros poderão ficar sempre na categoria de baixo valor agregado. Algumas companhias, como as do setor farmacêutico ou a indústria de transformação no Brasil, não são muito fortes. E isso pode ser, de certa forma, perigoso. Porque, assim, suas empresas podem ser adquiridas facilmente por empresas estrangeiras.
DINHEIRO – Que outros riscos o sr. identifica?

TURPIN – Vocês têm boas companhias, como a Natura, de cosméticos, por exemplo. A maioria das empresas de cosméticos na Europa, no Japão e nos Estados Unidos não está crescendo em seus mercados domésticos. Assim, um target natural para companhias como L’Oréal ou Shiseido é ir aonde está a oportunidade de crescimento no mundo, ou seja, em países como o Brasil.
DINHEIRO – O sr. está tocando num ponto sensível da nossa economia...

TURPIN – Sim, mas no ranking de competitividade do IMD, que inclui 59 países, o Brasil é o 44º, atrás de Peru e Colômbia. Isso está longe de ser fantástico. Filipinas está na frente, Tailândia também. A competitividade do Brasil não é forte como deveria ser.
DINHEIRO – Se temos uma economia tão aberta e um governo sem uma estratégia clara de proteção, como as empresas podem se proteger?

TURPIN – Hoje, as empresas dão grande ênfase ao mercado doméstico. Sim, há muitas oportunidades em “casa”, mas é preciso olhar para fora. Há foco demais em exportar commodities.
DINHEIRO – Ou seja, se o governo focasse mais na indústria, poderíamos ter mais exportações de valor agregado?

TURPIN – Mas é claro. O Brasil é um continente. E o comércio exterior não é muito valorizado. Uma das razões é o fato de muitos CEOs e executivos da cúpula não terem muita experiência internacional. Vocês não têm muitos talentos com esse perfil. E o que é uma experiência global? Pessoas com uma mente excepcionalmente aberta, sensíveis a outras culturas, capazes de trabalhar com todo tipo de pessoas, com uma curiosidade intrínseca, poliglotas e cosmopolitas. O futuro pertence às pessoas focadas em decisões globais.
DINHEIRO – Há algum exemplo de empresa ou produto brasileiro bem-sucedido?

TURPIN – Sim, as Havaianas! Como um produto tão simples como aquele pode estar em prateleiras do mundo todo, em Nova York, na Austrália, em Cingapura? Se vocês deram essa projeção a algo tão simples, podem fazer o mesmo com muitos outros produtos. Não é uma questão de “sermos bons nisso ou naquilo”. As empresas brasileiras deveriam focar em uns poucos produtos e tentar expandir-se globalmente. É o que Índia e China estão fazendo. E precisam de profissionais que tenham a ambição de ir além do Brasil. Isso está acontecendo também com a construtora Camargo Corrêa, que está se expandindo pelo mundo todo. Provavelmente, quando alguém disse que iria vender as Havaianas para o mundo, pensaram que essa pessoa fosse um louco. Mas o fez. A ambição global é muito importante.
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Gôndola da sandália Havaianas em loja de Nova York
DINHEIRO – E além da ambição?

TURPIN – A diversidade é importante nas companhias, assim como ter pessoas de várias nacionalidades no topo. É muito importante investir em educação executiva, não só voltada para o Brasil ou para as Américas, mas com vistas para o mundo.
DINHEIRO – Há dez anos, os executivos ouviam esse diagnóstico, concordavam, mas não havia mudança na prática. Hoje, as empresas sentem a pressão real com a forte entrada de importados. O governo, inclusive, aumentou o IPI dos carros importados para proteger a indústria nacional.

TURPIN – Essa é uma resposta muito fácil. Tornar-se protecionista desse modo não é sustentável. O melhor para fazer suas empresas competitivas é encorajá-las a sair do Brasil. A Tigre, de tubos e conexões, está no México, no Uruguai, na Argentina, portanto, é um exemplo de empresa com ambição global. E aí temos a Embraer, as empresas de alimentos... Claro que é mais simples vender seus produtos em capitais como Brasília, Fortaleza, Florianópolis, porque todos falam a mesma língua. É da natureza humana, as pessoas preferem buscar o caminho mais fácil, em vez do mais difícil. Fazer negócios nos Estados Unidos é, evidentemente, mais difícil. Porque ninguém lá está esperando de braços abertos um brasileiro chegar, eles vão lutar contra.
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Fábrica em São Paulo da empresa de tubos Tigre
DINHEIRO – O Brasil está na moda hoje, ou não?

TURPIN – Não é moda. Diria que, finalmente, o Brasil está se tornando um competidor. Quando lembramos da frase atribuída ao general Charles De Gaulle, de que “o Brasil não é um país sério”, vemos que isso ficou no passado. O Brasil está se tornando um país sério. Temos de dar crédito ao ex-presidente Lula por fazer o Brasil acontecer, porque lembro que, quando ele foi eleito, muita gente dizia que ele só duraria seis meses no cargo. Ele tem muitos defeitos, é claro, mas tornou o Brasil um enorme sucesso econômico e foi extremamente pragmático. É o perfil que vocês precisam na Presidência.
DINHEIRO – O que o sr. acha da presidente Dilma?

TURPIN – Não tenho como julgá-la por estar tão longe, mas o que ouço dos líderes empresariais do Brasil é que ela também tem um perfil pragmático. E isso é importante. Havia uma distância gigantesca entre ricos e pobres. Vocês precisavam de alguém como Dilma ou Lula, ligados ao socialismo, para dividir os recursos com todos. Isso é pragmatismo. Agora, vocês precisam dar liberdade a executivos de negócios para criar valor, e não alimentar a burocracia. Tudo é uma questão de equilíbrio. Uma economia totalmente livre é ruim, podemos ver isso nos Estados Unidos. A China também é muito fechada.
DINHEIRO – Hoje as empresas globais brasileiras têm grande apoio do BNDES, o que gera muitas críticas, no sentido de que esse banco estatal teria seus “eleitos”. Para ser global é preciso ter apoio governamental com crédito barato?

TURPIN – Não, se você tem bons produtos e bons profissionais trabalhando e boa tecnologia, você não precisa depender de apoio de governo.
DINHEIRO – Em que outras empresas o sr. enxerga o potencial das Havaianas?

TURPIN – A própria Natura. Tem um grande potencial global. Um dos fatores-chaves para o sucesso nos negócios é ter uma diferenciação, algo que a Natura tem. Se você não tem, você não pode brigar em preço, não dá para brigar com os chineses. Você precisa criar um valor para o consumidor, que é tornar seu produto mais confiável, mais fácil de usar, mais barato ou melhor.
DINHEIRO – Quais áreas, por exemplo, têm esse potencial?

TURPIN – Todas! Produtos farmacêuticos para os pobres, infraestrutura, desenvolvimento de bons produtos para substituir importados da China, muitas coisas podem ser feitas. E isso não depende do governo. Ele só tem de garantir o ambiente certo, economia e políticas estáveis.
DINHEIRO – O processo para chegar a um equilíbrio entre o modelo focado em commodities e o de maior valor agregado é de longo prazo, não? E as mudanças são necessárias agora...

TURPIN – Sim, mas esse processo já começou, e isso é uma boa notícia. Ou não haveria tanto investimento estrangeiro indo para o Brasil.

Domingo na praça em Wall Street

Protestos têm cozinha comunitária, biblioteca com gibis do Batman, hippies e visitas de Slavoj Zizek, Michael Moore e Susan Sarandon. Por Eduardo Graça, de Nova York

De Nova York

Parece uma enorme contradição. Mas o McDonald’s e o Burger King localizados nas imediações da praça Zuccotti, no Distrito Financeiro de Nova York, ficam apinhados o dia todo. No entanto, os quase mil manifestantes que ocupam a área localizada a poucos blocos de Wall Street e se identificam como críticos ferrenhos das grandes corporações não estão se alimentando no QG inimigo.

Mas a concentração humana na praça, quatro semanas depois da dúzia de pioneiros anunciar que só sairia da propriedade da Brookfield (uma das maiores empresas do setor imobiliário dos EUA) quando o setor financeiro pagasse a conta pelo débâcle financeiro da maior economia do planeta, gerou a única prova clara da desorganização do “Ocupem Wall Street”: a falta de banheiros para atender às quase dez mil pessoas – nas estimativas dos organizadores – que circulam pelo local, localizado ao lado do terreno em que ficavam as torres gêmeas do World Trade Center.

'Há uma livraria comunitária, com títulos que vão do gibi do Batman, a biografia recém-lançada do teórico da comunicação canadense Marshall McLuhan'

“Mas este é o único porém. Confesso que estava preocupada em dormir no meio de Manhattan, na rua, mas a experiência está sendo sensacional. O silêncio é absoluto depois das dez da noite e assim que acordamos fazemos meditação e ioga. Este é, de longe, o exercício democrático mais saudável de que participei”, disse Elizabeth Albrecht, 29 anos, que acaba de se formar em Psicologia na Universidade da Virgínia e chegou à praça na sexta-feira com um grupo de militantes disposto a aprender com a experiência do “Ocupem Wall Street” a fim de bisá-lo já esta semana em Richmond, a capital do estado sulista.

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Anonymous atacam Wall Street

Seu companheiro Darrick Gregory, 23 anos, recém-graduado em Geografia pela mesma universidade, conta que o grupo já conta com 300 participantes e já se chegou a um consenso sobre o local a ser ocupado na cidade. “Anunciaremos no dia da ocupação. E vamos unir nossas vozes a causas locais, como o combate ao projeto de lei que pretende dificuldade a possibilidade de aborto em clínicas públicas em todo o estado. Aprendemos aqui que nossa força vem do fato de não termos um objetivo específico, sonhamos alto, queremos mudar o funcionamento da democracia americana. O que nos alimenta é o nosso descontentamento e uma exigência, a de que nossa voz seja de fato ouvida”, diz, calmo, feliz da vida com o calor de verão em pleno outubro, como se os céus conspirassem para ajudar os moradores de rua mais barulhentos da cidade.

'Se não há lista de demandas, basta olhar em volta para perceber que a praça é uma cidade em miniatura'

A organização do “Ocupem Wall Street” segue jogando por terra os argumentos dos setores de esquerda incomodados com a ausência de lideranças e de uma plataforma mais definida para o movimento. Se não há lista de demandas, basta olhar em volta para perceber que a praça é uma cidade em miniatura, onde o ideário hippie se encontra com as mídias sociais características da geração Steve Jobs. No centro da praça há uma cozinha comunitária, um sucesso de administração e bom gosto. A água é reciclada. Há uma livraria comunitária, com títulos que vão do gibi do Batman, a biografia recém-lançada do teórico da comunicação canadense Marshall McLuhan (1911-1980), clássicos das ciências sociais e políticas e livros de ficção da moda.

Na extremidade setentrional da Zuccotti, um telão mostra o site oficial do movimento e o número de pessoas, também via Facebook e Twitter, que se declaram simpatizante do “Ocupem Wall Street”. Até o momento em que esta reportagem era fechada, 440 mil pessoas dos quatro cantos do planeta afirmavam concordar com a “real democracia, a luta pela justiça social e um fim à corrupção”.

Mensagem de manifestantes em Wall Street

Na manhã do domingo em que a reportagem da Carta Capital passeou pela rebatizada “praça da liberdade” o filósofo esloveno Slavoj Zizek dava uma palestra para a multidão que o ouvia em um quase-silêncio quebrado por gritos excitados e murmúrios de aprovação. Zizek participou da assembléia-geral do “Ocupem Wall Street”, que acontece diariamente, sem o uso de microfones. A voz do professor-visitante da Universidade Colúmbia foi repetida em coro pelos moradores da praça, com alguma dose de emoção. Camiseta vermelha, barba longa, o acadêmico agradou: “Eles nos dizem que somos sonhadores. Não somos sonhadores! Estamos acordando de um sonho que está se transformando em um pesadelo. Nós não estamos destruindo nada. Somos apenas testemunhas da destruição autofágica do sistema. Todos conhecem a imagem clássica dos quadrinhos, do carrinho à beira do precipício. Nós somos as pessoas dizendo a Wall Street: êi, olhem para baixo!”, discursou, recebendo uma saraivada de palmas e gritos entusiasmados da plateia.

Celebridades outras já passaram pela praça desde que a repressão policial – com quase 700 manifestantes presos em uma marcha na Ponte do Brooklyn no fim de semana passado – colocou o “Ocupem Wall Street” na pauta do dia dos EUA. Susan Sarandon e Michael Moore circularam, com sucesso, pela área. E a líder da minoria governista na Casa dos Representantes – equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil -, Nancy Pelosi, saiu em defesa do grupo no domingo, em entrevista a Christiane Amanpour, em seu programa semanal de entrevistas na rede ABC, afirmando ser justa a sensação de insatisfação dos manifestantes, que “tem uma mensagem bem clara: é preciso mudar o que está aí”.

'um telão mostra o site oficial do movimento e o número de pessoas, também via Facebook e Twitter, que se declaram simpatizante do “Ocupem Wall Street”'

O “Ocupem Wall Street”, que já se espalhou por dezenas de cidades do país – além dos jovens de Richmond, passaram o fim de semana na praça manifestantes de Washington, Portland, no Oregon, Los Angeles, Austin e Boston, dispostos a aprender com os nova-iorquinos como incrementar as mobilizações populares – poderia funcionar como pressão popular para a aprovação do plano recém-anunciado pelo governo Obama de investir 447 bilhões de dólares a fim de criar empregos no país (a taxa de desemprego segue na casa dos 9%), financiado por um aumento de taxas entre os mais ricos da nação.

A mensagem central do “Ocupem Wall Street”, presente em todas as marchas do grupo, é de representatividade óbvia – “somos os 99% que pagam impostos” – e de oposição ao abono de pagamento de impostos aos que ganham mais de 250 mil dólares, política fiscal criada no governo Bush II com o objetivo de esquentar a economia do país.

'A organização do “Ocupem Wall Street” segue jogando por terra os argumentos dos setores de esquerda incomodados com a ausência de lideranças'

“Hoje é meu primeiro dia aqui, e estou muito bem impressionado. Vou voltar todos os dias. A matemática é simples: precisamos parar de financiar o almoço de 200 dólares do pessoal de Wall Street. Eles precisam pagar mais, a desigualdade social não pode crescer ainda mais no governo Obama!”, disse Brian Crosby, 30 anos, cozinheiro de um restaurante da cidade e crítico da semântica neoliberal, que, em sua visão, humaniza as corporações e valoriza os consumidores em detrimento dos cidadãos.

“Quem tem dinheiro, pode, quem não tem, vem pra praça. O problema é que cada vez mais aumenta o número dos lesados pela democracia americana. Nós só vamos crescer, você vai ver!”, promete Joe Fionda, 27 anos, relaxado na “praça do povo”, literalmente, segundo o bem-humorado nova-iorquino, “de frente para o crime”.

São Paulo – “Não dê presentes, dê futuro”, aconselha o consultor Mauro Calil quando o assunto é Dia das Crianças. O discurso de planejador financeiro casa com o de pai, no caso dele. Preocupado com o futuro dos filhos, Mauro não os presenteia, nas datas especiais, com roupas, brinquedos ou eletrônicos, mas sim com ações. E não está sozinho. Cada vez mais os pais se preocupam em investir em nome dos filhos, de forma a garantir recursos para os estudos superiores ou o início de sua vida profissional.

Os dados da indústria de fundos de previdência privada voltados para menores – uma aplicação interessante destinada a crianças e adolescentes – comprovam isso. De acordo com o Itaú Unibanco, o mercado para esse tipo de produto tem crescido entre 25% e 28% por ano, nos últimos anos. Para quem quer investir por conta própria no futuro dos filhos, porém, o Tesouro Direto é também uma excelente opção. Quem começa a poupar desde o nascimento dos rebentos, pode formar uma polpuda poupança para, lá na frente, pagar a faculdade, a pós-graduação, um intercâmbio ou mesmo começar um negócio.

Para quem acha a estratégia de substituir presentes por aplicações financeiras um pouco fria, Mauro Calil argumenta: “as crianças, principalmente as mais novas, já ganham brinquedos e roupas dos avós, dos tios. Não tem prova de amor maior do que dar boas condições educacionais e financeiras para o seu filho. Não tem a ver com transformá-lo em alguém que não valoriza o dinheiro e o trabalho. Trabalhar é uma questão de valores, não de quanto se tem na poupança”, diz o consultor.

Vale lembrar que esse tipo de aplicação só deve ser feita por quem já investe para a própria aposentadoria. Afinal, de nada vai adiantar se os pais acabarem onerando os filhos na velhice. Mas quem deseja presenteá-los com investimentos sem deixar as datas comemorativas passarem em branco, fica o conselho de Mauro Calil: “Não pergunte ao seu filho o que ele quer ganhar, simplesmente dê o que você pode dar”. Conheça, a seguir, os presentes financeiros que você pode dar a seu filho.

Fundo de previdência privada para menores

Os planos de previdência infantis são voltados para crianças e jovens com idade até 21 anos, sendo possível abrir um plano em nome da criança logo após seu registro, mesmo que ela ainda não possua CPF. Os pais serão apenas responsáveis pelos aportes financeiros, que entre os brasileiros, costumam variar entre 100 e 200 reais mensais. Disponíveis nas modalidades Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), esses planos dispões de vantagens tributárias similares às dos planos tradicionais: a tabela regressiva de IR, com alíquota mínima de 10% após 10 anos de investimento, e a possibilidade de abater os aportes num valor de até 12% do IR, no caso dos PGBLs.

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