domingo, 24 de março de 2013

os micronegócios um modelo a ser copiado


O açougue de Manuel Novais, 56, atende diariamente 500 pessoas, em média, na principal e movimentada rua de acesso a Nova Brasília, uma das 13 favelas do Complexo do Alemão. Por mês, o faturamento do comerciante é superior a R$ 250 mil.
A prosperidade nas vendas de Novais sinaliza a boa fase dos negócios em comunidades de baixa renda localizadas na cidade do Rio.
O aumento do consumo reforçou os investimentos de microempresários, muitas vezes impulsionados pelos empréstimos concedidos por bancos com representantes em favelas.
"Do ponto de vista do consumo, há uma revolução em andamento nas comunidades do Rio", afirma Renato Meirelles, diretor do instituto Data Popular, especializado no setor de baixa renda.
É possível perceber a transformação pelo histórico da Caixa Econômica. Até 2010, as linhas de crédito para pequenos empreendedores, incluindo os informais, eram inexploradas pelo banco estatal nas favelas cariocas.
Em novembro do mesmo ano, com a ocupação policial do Complexo do Alemão, o banco passou a atender esse segmento. Encerrou 2011 com a concessão de 400 microcréditos. No ano passado, o número saltou para 2.000. A projeção para 2013 é alcançar a marca de 3.500 linhas de crédito concedidas.
"Percebemos que a procura pelo microcrédito dobra a cada seis meses", afirma Tarcísio Luiz Dalvi, superintendente regional da Caixa, que coordena o atendimento às favelas da zona norte.
CORPO A CORPO
A Caixa tem apenas duas agências dentro de comunidades: uma no Complexo do Alemão e outra na Rocinha. Para expandir o contato com os clientes, 170 emissários do banco circulam pelas ruas e becos das favelas cariocas.
"Recrutamos jovens nas próprias comunidades. Eles são treinados para orientar e apresentar todas as informações sobre nossas linhas de crédito", afirma Dalvi.
Itaú e Santander também apostaram em agentes de campo nas suas investidas nas favelas cariocas.
"Não tratamos o microcrédito em comunidades como uma iniciativa de responsabilidade social. Enxergamos como um novo modelo de negócios", diz Eduardo Ferreira, superintendente de microcrédito do Itaú.Reputação da IKEA tomou uma surra séria
Nas linhas de crédito concedidas prevalecem valores abaixo de R$ 5.000 por operação. Chamam a atenção os recursos solicitados por microempresários para compra de mercadorias ou reformas de seus estabelecimentos.
O incremento na economia das favelas ocorre mesmo nas áreas dominadas por traficantes ou milicianos.
Entretanto, os resultados mais significativos estão nas áreas com presença das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), que oferecem condições mais atraentes para novos investimentos.
gosto pelo consumo
"Muita gente se engana e pensa que pobre não é consumidor. Pobre gosta de gastar, sim, mas de acordo com suas possibilidades", afirma Novais, que cita como exemplo os refrigerantes que vende em seu açougue.
"Comecei a oferecer um refrigerante barato, o chamado 'mendigão', que custava a metade do preço. Não vendeu nada. O pessoal quer é Coca-Cola e Guaraná Antarctica."
Após a ocupação do Alemão, o açougueiro participou de um curso sobre empreendedorismo promovido pela rede Carrefour dentro da comunidade.
Aprendeu como embalar e armazenar cortes de carne em bandejas seguindo o modelo de grandes supermercados.
A partir daí, o microempresário do Alemão montou um freezer apenas com peças de carnes e aves previamente cortadas e selecionadas. "Com as bandejas, a venda de frango aumentou 40% em um ano", afirma.
 

Conheça o Bitcoin, a moeda virtual que hoje vale US$ 50 e tem sido alvo de polêmica por viabilizar compras.17.jpgAceitação crescente: Talita Noguchi (centro), dona do bar e bicicletaria Las Magrelas,

espera gerar novos negócios com o Bitcoin

Depois de comer um pão na chapa e tomar um café em uma padaria na região central de São Paulo, o analista de sistemas Thiago Martins, 33 anos, perguntou se poderia pagar a conta com bitcoin em vez de real. O atendente não entendeu nada e pediu para Martins explicar melhor o que estava propondo. Foi a deixa para ele fazer um discurso sobre a moeda digital bitcoin. Embora não seja lastreada por nenhum país ou banco, a moeda é cada vez mais utilizada no mundo. É usada, por exemplo, em transações dentro e fora da internet, como em compras de Com quatro anos de mercado, sua popularidade entre os usuários de internet vem crescendo, inclusive no Brasil, graças a evangelizadores como Martins. “Não quero mais o real”, afirma. “Com o bitcoin me sinto mais seguro e livre." Se para o analista de sistemas é difícil entender por que a padaria ou outros estabelecimentos comerciais não aceitam o bitcoin, para alguns economistas existem motivos de sobra para preocupação. Um dos aspectos que os deixam de cabelos em pé com a moeda virtual é que, por não ser lastreada, os riscos de evasão fiscal, fraudes e fortalecimento do crime organizado são maiores. Além disso, o fato de essa moeda pirata ter sido inventada quase como uma história de ficção científica causa ceticismo entre os analistas. 
Cotado atualmente em mais de US$ 50, o bitcoin foi criado por um misterioso hacker chamado Satoshi Nakamoto – um nome japonês corriqueiro, equivalente a João da Silva. Quem é ele, quais foram suas motivações e por onde anda são algumas das perguntas que permanecem sem resposta. O fato é que a moeda foi lançada num momento peculiar: no começo de 2009, poucos meses depois da quebra do banco americano Lehman Brothers, que deflagrou a crise financeira internacional. Com as pessoas desconfiadas do sistema financeiro, a aceitação a uma alternativa a esse modelo foi facilitada. As transações e a emissão de cada bitcoin são feitas por meio de uma rede de computadores de forma análoga ao que acontece com as redes de trocas de arquivo da internet.
A tecnologia de compartilhamento de dados chamada de P2P (peer-to-peer), que teve no site Napster um dos pioneiros no fim dos anos 1990, faz com que os PCs conectados à rede “conversem” entre si de maneira descentralizada. Com o bitcoin, os usuários fazem as transações sem a intermediação de terceiros, o que barateia o custo. O envio de 1 BTC de uma carteira para outra tem custo zero. Todos os computadores conectados ajudam a processar e registrar a passagem da moeda de uma carteira para outra, assim como também ajudam a emitir novos bitcoins. Mais ou menos 25 bitcoins são garimpados – esse é o jargão usado no meio – a cada dez minutos. Atualmente, há cerca de 11 milhões de bitcoins no mercado, que valem mais de US$ 600 milhões na cotação das principais casas de câmbio internacionais que trabalham com a moeda, como MTgox, Bitfloor e Bitcoin-Central. equipamentos eletrônicos, bicicletas, restaurantes, aluguel de pousadas e até drogas e armas. SUBSTITUIÇÃO DE MOEDAS O surgimento do bitcoin é reflexo da tendência de substituição da moeda física pelos circuitos eletrônicos, que vem ganhando força desde os anos 1960, diz Gilson Schwartz, economista e professor da Escola de Comunicações e Artes da USP. Ele alerta, porém, que o fato de ser uma moeda sem lastro pode gerar problemas. “Há o risco de evasão fiscal, fraudes e fortalecimento do crime organizado”, afirma. O que reforça sua tese é o fato de o bitcoin já ter se tornado a moeda oficial do Silk Road, um obscuro site que vende heroína, LSD e maconha, entre outros tipos de drogas. Um dos estímulos ao uso do bitcoin nesse canal é o anonimato – ninguém sabe quem são os verdadeiros donos das carteiras. 
Além disso, cada usuário pode espalhar seus BTCs por diversas contas. Em defesa da moeda, seus entusiastas rebatem dizendo ser possível comprar drogas com real e dólar, por exemplo, sem que isso tenha dado margem a críticas a essas moedas. O bitcoin talvez ainda não seja uma prioridade na pauta dos governos, mas a mais forte propaganda dessa moeda foi realizada justamente pela Casa Branca.Quando o WikiLeaks, o polêmico site criado pelo australiano Julian Assange, divulgou comunicações secretas das embaixadas americanas, Washington articulou para que instituições de crédito não atendessem mais a página. Bank of America, Visa, MasterCard, Paypal e Western Union deixaram de prestar serviço aos ativistas do WikiLeaks, que quase fechou. 
A saída foi apelar para o bitcoin, contra quem o governo americano não pode fazer nada. Para bloqueá-lo, seria preciso desligar cada computador conectado à rede, uma tarefa virtualmente impossível. “Quando vi que o WikiLeaks aceitava doações num tal de bitcoin, na hora fui atrás para ver o que significava”, afirma Martins, um dos que conheceram a moeda graças à publicidade feita pela administração de Barack Obama. Ele e dezenas de usuários lutam para disseminar a moeda no Brasil, onde, embora esteja em expansão, o uso está anos-luz atrás da Europa e dos EUA. Enquanto já é possível pedir até pizza nos EUA com bitcoins, no Brasil uma boa parte do giro da moeda se dá por uma rudimentar troca de serviços e produtos no fórum Bittalk, que faz as vezes de uma lista de classificados. 18.jpgSufoco: ao ser abandonado pelas principais instituições financeiras,
Julian Assange, do WikiLeaks, apelou à moeda pirata
 Dar o primeiro passo para entrar nessa comunidade, no País, não é fácil, pois não há uma casa de câmbio estabelecida. O mais próximo são sites que unem interessados em comprar e vender bitcoins. O principal deles é o Mercado Bitcoin, gerido pelo consultor de tecnologia mineiro Leandro César, 37 anos. Segundo ele, sua empresa conta com dois mil clientes brasileiros e a adesão à novidade deve dar um salto neste ano. “Um filão que pode impulsioná-la é o de jogos online”, afirma César. Apesar de trabalhar com uma moeda anárquica, César já se encrencou com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O problema surgiu quando tentou fazer um grupo de amigos adquirir máquinas de “mineração”. indefinido
Afinal, quanto maior o poder de processamento dos computadores, mais bitcoins são ganhos. A CVM entendeu isso como um investimento, o que deve necessariamente passar pelo crivo do órgão. Uma comunicação foi enviada a César mandando-o apagar o anúncio, sob pena de receber uma multa. “Fiz o que me foi determinado, embora não esteja de acordo com a visão deles”, diz. Apesar do comunicado, tanto a CVM como o Banco Central não têm regras definidas quanto ao bitcoin. Isso pode mudar em breve, pois, ainda que esteja em fase embrionária, a aceitação da moeda por um número cada vez maior de estabelecimentos vai requerer um sistema de regulação em algum momento. Na Vila Madalena, em São Paulo, por exemplo, o bar e bicicletaria Las Magrelas já trabalha com bitcoin. undefined
A proprietária do local, Talita Noguchi, 27 anos, espera gerar novos negócios com isso. “Vamos atrair para cá programadores que não seriam nossos clientes costumeiros”, diz Talita. Ela foi convencida a aceitar o bitcoin por amigos que atuam na área de programação de computadores. O doutor em direito econômico e professor da faculdade Insper Jairo Saddi, no entanto, diz que dificilmente o bitcoin se expandirá para além dos círculos virtuais. “Tentativas de fazer moedas sem lastro ocorrem há séculos, mas todas fracassam”, afirma Saddi. Ele faz, no entanto, uma ressalva que pode significar um alento para os piratas do bitcoin. “Falar de uma moeda única para toda a Europa no século 19 era absolutamente utópico”, diz. “Hoje, o euro está aí, com todas as vantagens e desvantagens de uma moeda única.”
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 O xerife do mercado de capitais brasileiro surpreendeu ao multar um gestor que oferecia serviços de investimentos em bitcoins, um tipo de moeda virtual que só é negociada na internet. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabeleceu uma multa diária de 5 mil reais para Leandro Marciano César porque ele não está registrado como administrador de carteira de valores mobiliários ou como distribuidor.
Segundo a decisão assinada pelo presidente interino da autarquia, Otávio Yazbek, o acusado ofertava a aplicação em fundos de investimento e outros veículos por meio do “Grupo de Investimento Bitcoin" disponibilizado por um endereço na internet. O site se trata de um fórum de discussões sobre o bitcoin e, de fato, mostra Leandro angariando cotistas para o seu projeto. Porém, segundo alega, a iniciativa se tratava apenas de aplicações em bitcoins, e não em moeda real.indefinido
“Nunca recebi dinheiro de ninguém para o grupo. Não sei se eles estão querendo abrir uma jurisprudência ou se foi um entendimento equivocado. Para a comunidade bitcoin vai ser um fato positivo caso ele seja reconhecido como um valor mobiliário. Não entendo a alegação”, disse em uma entrevista para EXAME.com. Ele explica que apenas recebia bitcoins em seu endereço, que é análogo a uma conta corrente, e que a taxa de administração também era paga na moeda virtual.
Como funciona?
Os bitcoins podem ser conseguidos por meio da “mineração” da moeda. A ideia funciona assim: o interessado baixa o software em sua máquina e ganha os bitcoins equivalentes ao uso do seu computador pela rede. É um tipo de compensação. Os bitcoins podem ser negociados em alguns sites por produtos no exterior ou, por exemplo, trocados por moeda real com internautas que não querem garimpá-los. É nesta troca por moeda real que é gerada uma cotação.undefined
O grupo de investimentos liderado por Leandro operava neste foco. Os investidores deixavam os bitcoins com ele, que então operava em diferentes moedas para conseguir ampliar a aplicação inicial. “O bitcoin por si só já sofre volatilidade. Se você comprou mil dólares em bitcoins e os guardou desde o início do ano, hoje teria 2 mil bitcoins”, explica. Além do grupo, porém, Leandro criou um ambiente para a compra e venda da moeda, o Mercado Bitcoin.
Aí, sim, o interessado deposita os recursos em reais em uma conta administrada pelo site. É o mesmo funcionamento de uma bolsa, mas os recursos em reais ficam na conta do Mercado Bitcoin e não em uma corretora com as tradicionais garantias. De qualquer forma, a acusação da CVM se restringiu apenas ao “Grupo de Investimento Bitcoin" e não fez qualquer menção ao Mercado Bitcoin. Leandro disse que irá buscar um advogado para defendê-lo e reiterou que nunca divulgou estar filiado a CVM ou qualquer entidade governamental. O gestor publicou uma série de explicações em sua defesa no site Bitcoin Brasil.indefinido

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