segunda-feira, 18 de agosto de 2014

publicidade na Eslováquia

Sem luxos excessivos, nos 18 metros quadrados cabem quarto, cozinha, banheiro e um pequeno escritório

Praga - Uma pequena casa prática e funcional para pessoas sem-teto, cujos despesas são financiadas com propagandas enormes em cercas - ainda que essa ideia seja ainda um projeto, já despertou grande interesse entre os anunciantes da Eslováquia, país onde surgiu esta iniciativa que pretende oferecer moradia digna para quem não tem.
Sem luxos excessivos, nos 18 metros quadrados cabem quarto, cozinha, banheiro e um pequeno escritório, graças ao fato de que a superfície útil aumenta ligeiramente pela distribuição em dois níveis.
As casas seriam instaladas perto de estradas, em formato triangular para aproveitar a visão de ambas as direções, e fabricadas com madeira, alicerces de concreto e compensado, com um custo total de acessíveis 5 mil euros (R$15.041).
"Pensamos, primeiro, nas pessoas sem-teto, já que a renda das publicidades deveriam cobrir as despesas com energia. Será importante estabelecer a forma de escolher os moradores, fixando os critérios que deverão ser cumpridos e respeitados", explicou à Agência Efe Matej Nedorolik, do estúdio de arquitetos Gregory And Solutions, que lançou a ideia na cidade de Banská Bystrica.“The Gregory Project”: outdoors se transformam em abrigos para sem teto
As reações positivas conseguidas até agora, principalmente na opinião pública internacional, despertaram o interesse dos criadores do projeto em explorar também outro tipo de público, além dos eslovacos sem-teto.
Lá, o projeto se justifica facilmente, já que as renda média de uma cerca publicitária é de 150 euros por mês (R$451), valor que cobre a eletricidade para a iluminação do cartaz e as despesas com energia da casa.
"Mas é muito provável que o valor desta publicidade ligada a casa-cerca aumente muito pelo enorme interesse que despertou na imprensa", acrescentou Nedorolik.
O escritório de arquitetura concebeu modelos que, com o princípio de absoluta gratuidade, pretende adaptá-los às necessidades de cada lugar, em função de suas infraestruturas.
Os criadores não os patentearam nem exigirão qualquer comissão pelo uso desses desenhos, que poderão ser modificados por outros arquitetos e designers em regime de código aberto. Os protótipos atuais possuem acesso a redes de água e eletricidade, exigindo, portanto, infraestruturas básicas.“The Gregory Project”: outdoors se transformam em abrigos para sem teto
"Por enquanto, não tememos acordo internacional, mas estamos abertos a essa cooperação. Os estrangeiros percebem este projeto de forma muito diferente dos eslovacos. Todos os dias, pessoas ligam para a gente querendo fazer o projeto em seus países", declarou o arquiteto por e-mail à Efe.
Sobre a localização das casas-cerca, Nedorolik reconheceu que colocá-las perto de estradas e rodovias pode criar alguns problemas aos inquilinos, não só de ruídos, mas também de segurança.“The Gregory Project”: outdoors se transformam em abrigos para sem teto
"Ali será mais complicado, porque há mais riscos devido aos altos limites de velocidade", ao contrário dos bairros, onde a velocidade máxima é de 50 km/h, e das estradas secundárias com 90 km/h.

sábado, 16 de agosto de 2014

bonecos personalizados usando a impressão 3D

Para produzir o avatar físico de 10 a 14 centímetros de altura (com preços entre R$ 150 e R$ 250), o consumidor é fotografado por cinco câmeras de 14 megapixels posicionadas em diferentes alturas enquanto gira sobre uma plataforma móvel. São feitas 60 imagens no total.
De acordo com o fundador e diretor-geral da Avatoys, Caio Alegre, o processo de registro do corpo da pessoa demora 15 segundos. O executivo garante um alto nível de detalhamento, que reproduz até dobras da roupa que a pessoa está vestindo.
As imagens são enviadas para um estúdio da Avatoys, onde são convertidas em um boneco de resina dura. O processo dura até cinco dias úteis e o produto final pode ser retirado no próprio MorumbiShopping.
Alegre diz que o serviço deve ganhar mais dois quiosques até o fim do ano, sendo um fora de São Paulo.
Entusiasta da impressão 3D, Alegre encara a novidade como uma forma de tornar a tecnologia mais “acessível”, levando-a para além do âmbito profissional e mais próximo do usuário comum.
No Shopping Ibirapuera já existe há alguns meses um quiosque da Miniature 3D  que oferece um serviço parecido. Mas, em vez de uma reprodução miniaturizada do corpo inteiro do cliente, a empresa coloca apenas o rosto em cima de pequenos bustos de personagens como um jogador de futebol ou um soldado do exército (ver imagem acima).
Outra empresa de São Paulo, a 3D Mini, lançou no mês passado o serviço Mini You, para a fabricação de miniaturas de resina. 
A técnica da companhia é diferente da usada pela Avatoys. O corpo da pessoa é “lido” por feixes de laser de escâneres, técnica bastante utilizada na captura tridimensional de objetos ou pessoas. Para fazer o escaneamento, o consumidor precisa ir até o estúdio da 3D Mini em Santana, zona norte de São Paulo.
As miniaturas da Mini You começam em 10 centímetros de altura e os preços, em R$ 149,90.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

apartamentos de um dormitório

 – Há uns 20 anos, quem queria comprar um imóvel procurava casas com, pelo menos, dois quartos e um quintal para os filhos brincarem. Porém, o perfil das propriedades mudou: só na cidade de São Paulo, de acordo com o Balanço do Mercado Imobiliário 2013 do Secovi -SP (Sindicato da Habitação), foram vendidas 8,9 mil unidades de um dormitório, mais do que o dobro registrado no ano anterior.
Já o número de lançamentos de imóveis com um quarto teve um crescimento superior a 90% entre 2012 e 2013 em São Paulo. No ano passado, foram lançados mais de 9,2 imóveis desse tipo, representando 28% do total, sendo que entre 2004 e 2012 os apartamentos de um quarto não chegavam a 10% dos imóveis lançados.
Para diretor de relações institucionais da imobiliária Paulo Roberto Leardi, Germano Leardi Neto, são vários os motivos que ajudam a explicar essa tendência. "Uma primeira explicação envolve o boom do mercado imobiliário no Brasil nas grandes capitais. Com a maior facilidade de acesso ao crédito imobiliário, tanto pelos bancos públicos quanto nos privados, os lançamentos aumentaram, assim como a procura dos clientes", afirma.
Isso significou, na prática, uma pressão pelo aumento do metro quadrado em toda cidade. Como os lançamentos de um dormitório se concentram em bairros mais comerciais, que já possuem área mais valorizada, isso trouxe lucratividade maior para as construtoras. O preço médio do metro quadrado em São Paulo saltou de 7,2 mil reais em 2012 reais para 8,7 mil reais em 2013.
Moradores
Há dois grandes tipos de públicos para os imóveis de um dormitório:
jovens, normalmente estudantes, que estão buscando a sua primeira casa; e profissionais que migraram de outra cidade, mas não pretendem fincar raízes no lugar em que trabalham.
Nos dois casos, essas pessoas procuram esse tipo de imóvel para ficar por um tempo determinado, normalmente em aluguel. Por isso, os imóveis ficam concentrados em regiões próximas de áreas comerciais ou de universidades.
"Há um terceiro perfil interessante para esse setor. Por ter valor menos elevado do que os imóveis de dois ou mais dormitórios, esse tipo de apartamento costuma ser comprado por quem começa a investir no setor imobiliário", lembra Leardi.Reprodução
Tipos
Entre as opções de apartamentos com um dormitório, é possível encontrar na ponta mais econômica as quitinetes (ou conjugados): esse tipo de apartamento, com um único cômodo, integra cozinha, sala e quarto, além de um pequeno banheiro. Com, no máximo, 35 metros quadrados, as quitinetes são interessantes para quem quer gastar menos e ter garantias que a procura por aluguel será alta - desde que o imóvel esteja localizado em bairros centrais ou com muita procura.
Do outro lado, na ponta de custo maior, estão os lofts: esse tipo de apartamentos possuem um dormitório apenas, mas são bem amplos e tem desenho moderno, aproveitando o espaço de maneira mais inteligente. Neste caso, um único cômodo agrupa quarto, cozinha e sala, enquanto o banheiro fica separado. Eles são opção interessante para quem quer um público que não precisa de muito espaço, mas procura uma arquitetura diferenciada.
A última opção nesse setor são os flats: esse tipo de apartamento faz a junção entre condomínio e hotelaria, oferecendo para os moradores serviços como lanchonetes, lavanderias e arrumadeiras. Quanto ao tamanho, variedade é o que não falta. Os mais tradicionais costumam ter 25 metros quadrados a 66 metros quadrados úteis. 

Eike Batista vende Lamborghini

 

Eike Batista vende Lamborghini com 2 mil km rodados

Aventador, ano 2012, fazia parte da decoração de sua mansão.
Esportivo está em uma loja de Goiânia, mas o valor não foi revelado.

lamborghini aventador 2012 (Foto: Divulgação)
A crise de Eike Batista chegou à sala da casa do empresário. A Lamborghini Aventador ano 2012, que ficou famosa por fazer parte da decoração da sala da mansão de Eike no Rio de Janeiro, foi negociada com uma loja de esportivos de Goiânia.
De acordo com o proprietário da revenda, a compra foi feita por intermédio de um amigo em comum com Eike Batista. O valor da aquisição não foi revelado, mas um modelo zero da Aventador sai por cerca de R$ 3 milhões. Embora tenha dois anos, a Lamborghini de Eike possui apenas 2 mil km rodados.
A assessoria do Grupo EBX, de Eike Batista, não respondeu às solicitações para confirmar a venda do veículo.
Jatinho
No ano passado, Eike Batista colocou à venda um jato executivo modelo Legacy 600, da Embraer, ano 2008. A aeronave tem capacidade para transportar 13 passageiros.
Em março de 2012, o empresário, dono do grupo EBX, era o homem mais rico do Brasil e o oitavo no mundo, com um patrimônio estimado em US$ 34,5 bilhões.
Em 2013, no entanto, tem início a queda do empresário. A derrocada começou quando a OGX, petroleira do grupo de Eike, anunciou que alguns de seus poços eram inviáveis. Em poucos meses, a crise contagiou o resto do império X e, em outubro do mesmo ano, a fortuna de Eike já era estimada em US$ 73,7 milhões.
 E assim se movimenta a economia familiar.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A carreira ocupou o espaço da religião

- A sensação de estar ocupado o tempo inteiro é uma epidemia social. Mas por que não ter tempo para nada se tornou um símbolo de status? Quais são as consequências mais profundas de viver uma rotina sobrecarregada?
Size_140_homemtriste
Foi movida por questionamentos dessa natureza que a jornalista Brigid Schulte escreveu o livro “Overwhelmed: work, love and play when no one has the time” (em tradução livre, “Sobrecarregado: trabalhe, ame e se divirta quando ninguém tem tempo”), pela editora Sarah Crichton Books.
Casada, mãe de dois filhos e repórter no jornal The Washington Post há 15 anos, Schulte diz já ter sido pessoalmente afetada pela obsessão coletiva por trabalho.
No livro, que entrou para a lista dos mais vendidos do jornalThe New York Times, ela discute o delicado equilíbrio entre carreira e lazer - e propõe formas de fazer as pazes com o tempo.
Confira a entrevista completa que Schulte concedeu a EXAME.com, na qual ela expõe o que pensa sobre sucesso, expectativas e prioridades:Size_140_educacao3
EXAME.com: Qual é o significado do trabalho para a sociedade atual? Por que precisamos dele?
Brigid Schulte: No passado, precisávamos do trabalho para sobreviver. Foi assim durante toda a história da humanidade. Precisávamos cultivar alimentos, caçar, nos defender. Estávamos sempre preocupados em garantir as nossas necessidades básicas.
Isso mudou drasticamente. Agora procuramos no trabalho um sentido para a vida. Para muita gente, a carreira responde a diversas questões existenciais, e ocupou o lugar da religião na hora de atender a dúvidas como “Quem sou eu?”, “Por que estou aqui?” ou “Que diferença faço para o mundo?”.
Entre o fim do século 20 e o começo do século 21, o trabalho adquiriu um significado muito poderoso. Hoje, ele tem menos a ver com a luta pela sobrevivência, e mais com a busca por identidade.
EXAME.com:  E o lazer? Qual é o sentido dele hoje em dia?
Brigid Schulte: Quando a humanidade ainda estava preocupada em sobreviver na natureza, era muito difícil ter lazer. Era quase um “trabalho em tempo integral” buscar comida ou fugir de animais selvagens!
Mas os raros momentos de lazer eram justamente aqueles em que conseguíamos imaginar, criar e sonhar. Não foi enquanto estava caçando ou coletando raízes que o homem inventou a roda. Quando está preocupado com a sua próxima refeição, você não tem tempo de ter ideias muito brilhantes!
O que quero dizer é que os momentos de ócio foram muito importantes historicamente para o desenvolvimento da própria civilização. Foi graças a eles que criamos a arte e a filosofia.
Hoje, o significado de lazer mudou muito. De forma geral, não existe mais tanta preocupação com a sobrevivência básica na natureza. Então, para muita gente, o trabalho ocupa o espaço do lazer. Nossas carreiras envolvem atividades que gostamos de executar. Isso é um grande problema. Uma das razões pelas quais trabalhamos tanto é justamente o fato de gostarmos das nossas profissões.
EXAME.com: O lazer “verdadeiro” se tornou então um motivo de culpa e vergonha?
Brigid Schulte: Sim. Basta pensar no ditado “Cabeça vazia é a oficina do diabo”. Existe a sensação de que você não pode ficar sem fazer nada. Em muitos países, existe um culto muito grande à exaustão e ao trabalho exagerado. As pessoas usam esse excesso como uma espécie de medalha de honra. Se você tira férias longas, é comum ouvir “Nossa, deve ser ótimo!”, com um tom sutil de desdém.
O que escapa a muita gente é que, se você trabalhar o tempo inteiro, mesmo amando o que faz, corre o risco de cair em estafa - o que acaba transformando você num profissional pior.
EXAME.com: A senhora afirma que estar sempre ocupado se tornou um símbolo de status. Como mudar a cultura que valoriza a falta de tempo?
Brigid Schulte: É um enigma de difícil solução. Se analisarmos a questão globalmente, temos algumas pistas. Os dinamarqueses têm bastante tempo livre, comparados ao resto do mundo. Como eles conseguem?
Bem, na Dinamarca há leis que prevêem um período curto de trabalho, mas também há uma questão cultural. Eles entendem que, se você não consegue terminar o seu trabalho em 30 e poucas horas por semana, você é ineficiente. O que importa é a performance, não o número de horas passadas no escritório.
Em outro país nórdico, a Suécia, todos tiram férias coletivas por um mês, durante o verão. É uma política pública, que eles chamam de “restauração coletiva”. Funciona muito bem. As vendas de antidepressivos caem radicalmente nesse período.
Já num outro país, como os Estados Unidos, se você tira férias minimamente longas, será reprovado pelos outros. Isso porque está imerso numa cultura de devoção excessiva ao trabalho.
Mas, se todos tirassem férias ao mesmo tempo, como na Suécia, o profissional não se sentiria tão inadequado. Pense na semana entre Natal e Ano Novo. A sensação desse período é ótima, justamente porque todos estão descansando juntos.
O desafio é, de alguma forma, tornar aceitável que muitas pessoas tirem férias ao mesmo tempo. É uma expectativa bem alta, eu reconheço, mas é uma ideia interessante para se ter em mente.
EXAME.com:  No passado, acreditava-se que a evolução da tecnologia nos daria mais tempo para o repouso e o lazer. Hoje, vivemos rodeados por aparelhos e máquinas, mas estamos cada vez mais atribulados. Como explicar essa contradição?
Brigid Schulte: Acho que a tecnologia é, ao mesmo tempo, uma benção e uma maldição. Na década de 1950, uma das grandes promessas da indústria era fazer as donas de casa ganharem tempo com a ajuda dos eletrodomésticos. Mas veio a publicidade e disse “Agora que você tem todos esses aparelhos eficientes, tudo tem que ser ainda mais limpo!”. Então o padrão de exigência por limpeza aumentou muito, anulando aquela suposta economia de tempo.
Esse exemplo esclarece muito do que vivemos hoje. Vamos pensar no email. Ele foi feito para tornar nossa comunicação muito mais rápida, fácil e descomplicada. Mas o que aconteceu? Hoje recebemos milhares de emails por dia, e grande parte deles é lixo. E não conseguimos desligar.
EXAME.com: Como isso se manifesta no ambiente de trabalho?
Brigid Schulte: A tecnologia eleva muito o nível de ansiedade no escritório. Mesmo durante as férias, as pessoas ficam angustiadas para saber o que está esperando por elas na caixa de entrada do email.
A sensação é de vigilância constante e você sente que nunca pode se livrar completamente daquele peso. Alguns ambientes transmitem a sensação de serem muito mais agitados e estressantes do que precisariam ser, simplesmente por causa dessa expectativa por respostas imediatas.
EXAME.com: A senhora defende que, já que o tempo é um recurso escasso, nossas expectativas também precisam ter limites. Isso significa que precisamos fazer uma escolha? Ou somos excelentes pais ou somos excelentes profissionais, por exemplo?
Brigid Schulte: Eu já fui vítima dessa armadilha, e eu tenho evitado recair nela. Prefiro me ver como um ser humano autêntico, completo. Você é mais do que só o seu trabalho ou só a sua família. Se você trabalhar com bom senso e inteligência, consegue ter uma performance excelente, sem precisar "se matar" por causa isso. Você é capaz de chegar em casa num horário decente e ter tempo suficiente para a sua família.
Quando nós achamos que precisamos “escolher” um único tipo de realização, é porque estamos comprando a ideia de que o trabalho precisa ser maníaco, louco. Eu discordo disso e estou tentando aplicar essa ideia à minha própria vida.
EXAME.com: Qual é o seu conselho para quem se sente sobrecarregado?
Brigid Schulte: O mais importante é perceber que você não está sozinho. Eu me senti solitária por muito tempo. Achava que todo mundo tinha vidas bem estabelecidas, e que eu era a única inadequada, desorganizada e neurótica. Mas a verdade é que todos são pressionados a trabalharem demais, a serem os melhores pais e a estarem sempre ocupados.
Quando você está se sentindo sobrecarregado no dia a dia, é preciso parar, respirar fundo e reavaliar a sua situação. Aquilo que nós achamos que precisa ser feito agora, neste minuto, muitas vezes pode esperar. Procure se perguntar: “Por que estou fazendo essa escolha? Isso é importante para mim? De quem é essa expectativa?”. É importante perceber as forças externas que atuam sobre as suas decisões, e questioná-las.
EXAME.com: As mulheres ainda são mais sobrecarregadas do que os homens? 
Brigid Schulte: Sim. As mulheres entraram para a força de trabalho, em massa, na década de 1970. Porém, em muitos países, quase nada mudou do ponto de vista cultural. As mulheres ainda são vistas como as responsáveis pela casa e pelos filhos.
Mas isso está mudando. O excesso de trabalho têm se “espalhado” pela sociedade. Solteiros também têm se sentido sobrecarregados, por exemplo. Os próprios homens também estão sentindo dificuldade em equilibrar vida pessoal e profissional. Eles estão começando a experimentar o dilema que as mulheres conhecem há 40 anos.
Isso é bom, porque, assim, mais pessoas conseguem entender que esse desequilíbrio não é só um “problema de mãe”. Quanto mais pessoas se perceberem afetadas, mais chances temos de escapar dessa armadilha enquanto sociedade.
EXAME.com: A senhora acredita que, no futuro, saberemos usar melhor o tempo? 

Brigid Schulte: Sim, sou otimista. É claro que faz parte da natureza humana essa necessidade de se ocupar constantemente. A perspectiva de morrer um dia é muito dura para nós. Então preenchemos os nossos dias para não ter que pensar nisso.
Mas, ao perceber que a sua vida não vai durar tanto, você muda as suas escolhas, usa o seu tempo para o que é mais importante. Sob essa perspectiva, você pode descobrir que a sua prioridade hoje é assistir ao seu filho de 3 anos estourar bolhas de sabão, dar uma caminhada ao ar livre ou reparar na cor do céu. Tenho esperanças de que conquistar essa sensibilidade é possível.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Reajuste de tarifa de energia 34,4%

Reajuste de tarifa de energia será investigado

Quinta-Feira, 07/08/2014, 15:47:47 - Atualizado em 07/08/2014, 16:42:41 3 comentários
Tamanho da fonte: A- A+
O Ministério Público Federal instaurou um procedimento para apurar o reajuste das tarifas de energia no Pará, autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e vigorando a partir desta quinta-feira (7). O reajuste é um dos maiores do país, de 34,4% para consumidores residenciais e de 36,41% para a indústria. A inflação do período ficou em 5,91%.
O MPF solicitou informações sobre o reajuste à Aneel e à Celpa. A empresa paraense passa por processo de recuperação judicial desde 2012, época em que foi considerada a pior concessionária de energia do país. No ano passado, o MPF precisou obter uma ordem da Justiça Federal para obrigar a empresa a garantir o fornecimento de energia à população, constantemente interrompido pelas condições precárias da infraestrutura.
O MPF também já processou a Celpa e a Aneel em outras ocasiões por conta de aumentos abusivos nas tarifas do Pará. Em 2010 e 2011, o MPF questionou o método de cálculo utilizado pela Aneel. O reajuste dessa semana afeta dois milhões de unidades consumidoras de energia elétrica.
Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos), esse é o maior reajuste na tarifa de energia no Pará desde a privatização das Centrais Elétricas do Pará (Celpa), em 1998. O Dieese informou que nesse período, as tarifas já subiram 400%, contra uma inflação estimada em 176%.

domingo, 3 de agosto de 2014

abrir espaço para a China

  GEOPOLÍTICA LATINA EM AGOSTO DE 2014

Após o calote, os chineses podem aproveitar o momento para oferecer financiamento aos argentinos sob a condição de vender a eles mais produtos

    A queda nas exportações brasileiras para a Argentina deve se acentuar ainda mais até o fim do ano em função do estado de calote que o país vive. Até julho, as vendas caíram 22,6% e, nas estimativas da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), esse porcentual pode chegar a 27%. Em contrapartida, teme-se que a competição com a China, que já não é fácil, se acirre.
Os chineses vinham aproveitando o momento de crise para ganhar espaço. No mês passado, durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao país, os chineses se comprometeram a investir US$ 7,5 bilhões em hidrelétricas e liberar a compra de US$ 11,5 bilhões em produtos chineses com pagamentos a serem feitos em yuan, a moeda chinesa.
Após o calote, o crédito deve ficar mais escasso, e os chineses podem aproveitar o momento para oferecer financiamento aos argentinos sob a condição de vender mais produtos ao país. "Eles têm reservas de trilhões de dólares e não teriam o menor problema para dar financiamento", diz o presidente da AEB, José Augusto de Castro.
O avanço chinês já prejudica setores como o de calçados. O Brasil, colega de Mercosul, já exportou US$ 200 milhões em calçados para a Argentina. Neste ano, porém, deve vender pouco mais de US$ 50 milhões. No primeiro semestre, as vendas caíram 39%. No entanto, as importações de outros países fora do bloco, em especial da China, cresceram 11,4% em receitas, chegando a US$ 79,5 milhões.
Restrição
A redução do comércio entre os dois países se deu, em boa parte, pelas dificuldades que o próprio governo argentino impôs. Uma série de formulários passaram a ser exigidos. Entre eles, a Declaração Juramentada Antecipada de Importação, que nem é prevista nas regulamentações da Organização Mundial do Comércio (OMC) e visa a garantir a política do "uno por uno" - para cada dólar importado, um deve ser exportado. No mês passado, novos documentos da Receita Federal foram acrescentados à lista de exigências, tornando o processo ainda mais moroso.
"As restrições impostas pelo governo argentino levaram muitas empresas a suspender os negócios, mas agora o problema também é macroeconômico: a demanda vai cair", diz o diretor de negociações internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo(Fiesp), Mario Marconini.
O presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo, Alberto Alzueta, diz que o fluxo financeiro para o país deve cair e, com isso, o governo argentino tende a eleger a importação de itens mais essenciais, como energia e insumos, deixando importações dos manufaturados de lado.
Para o Brasil, neste momento em que a economia patina, a perda de espaço no mercado argentino piora o cenário do lado de cá da fronteira. A Argentina é o terceiro parceiro comercial do País e 90% das vendas são de bens manufaturados, como automóveis, máquinas e equipamentos, calçados e vestuário. A queda na demanda afeta, portanto, diretamente a indústria, que não vive um bom momento. A produção industrial brasileira caiu 1,4% em junho em relação a maio. Foi o quarto mês seguido de retração e o pior resultado no ano, segundo o IBGE.
AutomobilísticoO ministro da Economia argentina, Axel Kicillof, fala a repórteres no consulado da Argentina, em Nova York, nos Estados Unidos, nesta quarta-feira
Para se ter uma ideia da importância do mercado argentino, cerca de 15% de toda a produção nacional de automóveis é destinada ao país vizinho. "Vai sobrar mais carro nos pátios", diz um executivo do setor. "E é bom lembrar que já estamos dando férias coletivas porque a demanda interna também está fraca."
As exportações de automóveis caíram mais de 30% neste ano e a expectativa é de que caiam mais. Mas os executivos do setor lembram que este já era um cenário difícil antes do anúncio do calote na quarta-feira. Os preços dos automóveis vinham subindo na Argentina cerca de 35% e enfraquecendo a demanda interna.
Com o calote, a situação piora. A indústria de máquinas, por exemplo, sofria menos. As vendas para a Argentina caíram pouco, menos de 2%. A expectativa agora é que a queda chegue a 4% até o fim do ano, segundo o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), José Velloso Dias Cardoso. Isso fará com que a queda na produção brasileira, antes prevista para 13%, aumente para 15%.
  

EUA está à procura de método humano para executar criminosos

Pena de morte mal executada no Arizona reabriu discussão sobre método que não se enquadre em castigos cruéis e inusitados, que são inconstitucionais    Washington - Mais uma pena de morte mal executada, desta vez no Arizona, reabriu a busca nos Estados Unidos por um método para matar criminosos que não contradiga a proibição constitucional dos castigos cruéis e inusitados.

O caso mais recente foi o do detento Joseph Wood, que morreu na semana passada quase duas horas após receber uma injeção letal que tinha os mesmos compostos usados em outra polêmica execução em Ohio, há seis meses.
As testemunhas disseram que Wood, de 55 anos, continuou respirando de forma ofegante centenas de vezes, quando a execução deveria ter acabado em dez minutos.
Os Estados Unidos são um dos 58 países que ainda aplica a pena de morte enquanto outros 140 a aboliram, quase 80 deles após 1976, quando a Corte Suprema de Justiça americana a restabeleceu.
Entre 1890 e 2010 pelo menos 8.776 pessoas foram executadas nos Estados Unidos e 276 dessas execuções de uma ou outra forma foram feitas com erros que prolongaram a agonia do condenado, segundo lembrou esta semana Austin Sarat, um professor de Direito e Ciências Políticas no Colégio Amherst, de Massachusetts.
O país continua percorrendo um caminho tortuoso entre a demanda de vingança social contra os criminosos e a Oitava Emenda de sua Constituição segundo a qual 'não se infligirão penas cruéis e inusitadas'.
Paralela ao debate irresoluto sobre a pena capital em si transcorreu a polêmica sobre os métodos de execução, atingida recentemente por falhas e erros que resultaram em sofrimentos desnecessários para o executado.
'Os americanos estão fartos dessa barbárie', afirmou Dianne Rust-Tierney, a diretora-executiva da Coalizão Nacional para a Abolição da Pena de Morte. 'A pena capital é uma prática bárbara e barbarizante, ineficaz e que solapa o compromisso de igualdade sob a lei'.
Os defensores da pena de morte, em sua maioria, não são tão zelosos: para eles, a crueldade dos criminosos justifica que o Estado não gaste dinheiro em mantê-los atrás das grades, e qualquer que seja o método para matá-los não se equipara ao dor que causaram.
A popularidade da pena de morte foi diminuindo nos EUA, não tanto pelos aspectos cruéis de sua execução, mas por uma maior consciência social sobre as disparidades raciais nas sentenças, e a multiplicação de casos em que as provas genéticas demonstraram a inocência dos condenados.
Na última década diminuiu em dois terços o número de sentenças capitais e baixou em 50% o número de execuções. Segundo o Pew Center, o apoio da sociedade a esse castigo passou de 78% em 1996 para 55% hoje.
No livro 'Gruesome spectacles' ('Espetáculos horríveis', em tradução livre), o professor Sarat descreve com detalhe os casos de detentos decapitados quando deviam ser enforcados - por muitas décadas o enforcamento foi um espetáculo público - outros queimados na cadeira elétrica, a asfixia lenta na câmara de gás e o prolongamento da morte com injeções letais.
Segundo o acadêmico, entre 1890 e 2010 as execuções por todos os métodos, mal executadas, foram equivalentes a 3,15% dos 8.776 casos de pena capital. Entre 1980 e 2010, quando se generalizou o uso das injeções letais como castigo último, a taxa de falhas subiu para 8,53%.
O único método em que não foram registradas falhas de execução é o fuzilamento, enquanto a injeção letal registra uma taxa de falhas de 7,12%.Várias pessoas protestam contra a pena de morte em frente ao Tribunal Supremo de Washington
Sarat afirmou que os Estados Unidos passaram da forca ao fuzilamento, da cadeira elétrica à câmara de gás e finalmente à injeção letal buscando um método 'seguro, confiável, eficaz e humano'.
Três execuções este ano com injeções que combinam sedativos e narcóticos estenderam a agonia além do esperado e uma das razões é a falta de capacitação dos funcionários que fazem o procedimento.
A Associação Médica dos EUA proibiu a participação de médicos e profissionais de saúde nas execuções e estas ficam em mãos de pessoal não médico que deve aplicar as injeções intravenosas.
'Se há alguma dificuldade, ainda que menor, frequentemente está acima do nível de competência e de instrução dos executores', denuncia Sarat. EFE