sábado, 25 de fevereiro de 2012

A revolução das máquinas

A revolução das máquinas

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Os computadores dotados de inteligência artificial já fazem parte do cotidiano de empresas de diversos setores, como aviação, financeiro e comércio eletrônico, e estão transformando a forma de fazer negócios. E tem mais: eles vão conversar com você.

Por Rodrigo CAETANO

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Confira a entrevista com o repórter de tecnologia, Rodrigo Caetano

No futuro, máquinas dotadas de inteligência artificial serão capazes de pensar e se comportar como seres humanos. O desenvolvimento de um cérebro eletrônico provocará uma revolução na sociedade que, fatalmente, transformará as pessoas em escravas da tecnologia, dependentes de sistemas autônomos e independentes, habilitados a tomar decisões sem nenhuma interferência humana. Em determinado momento, será impossível diferenciar homens e robôs, que passarão a interagir como seres semelhantes. Um cenário como esse está no imaginário das pessoas e já inspirou uma série de filmes de ficção científica. Mas a verdade é que, ainda que sem o tom dramático ou catastrófico dos longas-metragens de Hollywood, essa realidade já está entre nós e com importantes implicações no mundo dos negócios.

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Pensador virtual: o Buscapé, de Romero Rodrigues, utiliza sistemas inteligentes
para atender seus clientes.
Silenciosamente, os computadores estão assumindo papéis que antes eram exclusivos de gente de carne e osso. Hoje eles atuam como vendedores, seguranças, operadores da bolsa de valores e estão muito perto de dar um passo definitivo em direção à humanização: as máquinas vão conversar com os seres humanos. Mas calma: não seremos subjugados por criaturas de silício. Apesar de ainda pouco perceptível, essa revolução das máquinas é promovida e controlada pelas pessoas. E, pelo menos em princípio, não há risco de uma guerra destrutiva entre homens e robôs e, muito menos, de exterminadores viajando pelo tempo para acabar com qualquer foco de resistência humana. O que existe, na realidade, são empresas de diversos setores utilizando inteligência artificial para tornar suas operações mais eficientes ou transformando os cérebros digitais em seu próprio negócio.
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Fernando Marques de Souza, da CyberSource: "O sistema de segurança precisa aprender como
o cliente se comporta para não importuná-lo sem necessidade"
Sistemas que emulam as características do pensamento humano e, consequentemente, são capazes de aprender com suas experiências estão transformando a atuação de companhias como a brasileira Buscapé, que atua no setor de comércio eletrônico. “Nossa primeira experiência com inteligência artificial foi em 2007”, afirma Romero Rodrigues, fundador da empresa. Na época, o Buscapé, que oferece um serviço de comparação de preços, queria entender por que muitos dos seus clientes simplesmente desapareciam. “Percebemos que a maior parte dos varejistas online morria por causa das fraudes”, diz Rodrigues. A partir dessa constatação, a companhia passou a adotar um sistema inteligente capaz de entender como cada consumidor se comporta e identificar rupturas, que podem indicar operações fraudulentas.
Após o sucesso da ação, o Buscapé adquiriu, de uma só vez, três start-ups especializadas em inteligência artificial. Hoje, o conceito é a base principal da estratégia do Buscapé. Essa tecnologia passou a ser utilizada não somente na detecção de fraudes, mas também para melhorar as vendas das companhias de varejo eletrônico. Uma das empresas do grupo, a eBehavior, oferece sistemas que atuam como vendedores. Eles são capazes de identificar os clientes, aprender com suas compras e oferecer produtos relevantes para cada consumidor. Tudo isso sem nenhuma ajuda humana. Softwares semelhantes também são utilizados pelas americanas Amazon, maior varejista online do mundo, e Netflix, locadora virtual de filmes na internet.
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Fabio Gandour, cientista-chefe da IBM: "Chegaremos a um ponto em que o comportamento
das máquinas poderá ser confundido com o de uma pessoa"
Segundo Rodrigues, o maior desafio do setor de compras online é tornar o contato com o consumidor cada vez mais humano. O problema é que depender de pessoas para isso é muito caro, o que reduz as já apertadas margens de lucro dos varejistas. A saída é investir em ferramentas de inteligência artificial. “Boa parte do suporte ao cliente pode ser resolvido com sistemas inteligentes”, afirma. Uma meta é tornar a interação homem-máquina natural para o usuário. Ou seja, fazer com que as pessoas não percebam que estão falando com um computador. Essa habilidade de “desaparecer” é o que torna a inteligência artificial um sucesso atualmente, afirma Henry Lieberman, cientista-chefe do laboratório de mídia do celebrado Massachusetts Institute of Technology (MIT).
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“Quando um sistema passa a desempenhar um papel humano, ele se torna parte da cultura geral e deixa de ser artificial.” Lieberman cita sua experiência pessoal. “Hoje tenho um GPS no meu carro que conversa comigo e um aspirador robô que limpa minha casa”, diz. “Pode não parecer, mas isso é fruto de milhões de dólares gastos em pesquisas na área de inteligência artificial desde a década de 1960.” O objetivo dos estudos conduzidos por Lieberman no MIT é entender o funcionamento da mente humana. Suas conclusões são usadas na criação de interfaces tecnológicas. Um exemplo de como essa área tem avançado é o Siri, aplicativo desenvolvido pela Apple para o iPhone 4S. Ele é capaz de responder a perguntas e resolver problemas dos usuários, como encontrar um lugar para almoçar.
Empresas como o Google e a Microsoft também trabalham em projetos semelhantes. O gigante das buscas, aliás, deve lançar no próximo mês um aplicativo semelhante ao da empresa da maçã. “Precisamos desenvolver mais sistemas como o Siri porque os celulares estão ficando muito complexos”, afirma Lieberman. Apesar de parecerem coisas do futuro, os estudos em torno do conceito de inteligência artificial não são recentes: datam da segunda metade da década de 1940, de acordo com André Lemos, professor da Universidade Federal da Bahia e pesquisador do CNPq. Em 1974, o americano Edward Shortliffe desenvolveu, na Universidade Stanford, um sistema de diagnósticos médicos que é considerado a primeira aplicação pratica de inteligência artificial.
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Guilherme lindroth, fundador da Guile3D: "Assistentes virtuais agem de forma proativa,
aprendendo sozinhos como atender às demandas do chefe"
Chamado de MYCIN, ele era capaz de identificar bactérias causadoras de infecções e prescrever antibióticos. O índice de acerto do software girava em torno de 70%, desempenho melhor do que o registrado por médicos humanos participantes da pesquisa. Apesar do sucesso do experimento, ele nunca foi utilizado na medicina. “Empresas aéreas e operadoras financeiras, por exemplo, já utilizam há algum tempo programas que podem tomar decisões sozinhos”, afirma Lemos. De fato, alguns mercados, como o de cartões de crédito, quase que dependem de cérebros digitais para funcionar. “Com o crescimento impressionante do volume de transações eletrônicas, seria inviável controlar as fraudes sem inteligência artificial”, afirma Edson Ortega, diretor de risco da Visa no Brasil.
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Horacio Poblete, fundador da LedFace: "Os buscadores falham ao deparar com questões
subjetivas porque o conhecimento prático está na cabeça das pessoas"
A tecnologia se tornou tão importante, que a bandeira de cartão de crédito decidiu investir US$ 2 bilhões, em 2010, para adquirir uma companhia especializada no assunto, a CyberSource. Segundo Fernando Marques de Souza, diretor-geral da CybeSource no País, as companhias áreas americanas hoje perdem 0,03% das receitas com fraudes. Na América Latina, onde o uso de inteligência artificial é menor, o porcentual é de 1,8%. “Não basta apenas identificar padrões de comportamento”, afirma Souza, para quem cada consumidor tem suas peculiaridades. “O sistema precisa aprender a identificar essas especificidades para não importunar o cliente sem necessidade.” No setor financeiro, o setor de cartões não é o único a se beneficiar da tecnologia.
Nos Estados Unidos estima-se que, atualmente, 70% das transações de compra e venda de ações nas bolsas de valores sejam feitas automaticamente por computadores. Essa forma de operar é conhecida como investimento de alta frequência e é utilizada também no Brasil. Por meio de algoritmos extremamente complexos, máquinas de corretoras instaladas dentro da BM&FBovespa, por exemplo, realizam em apenas um décimo de segundo mais de dez transações. E sem nenhuma intervenção humana. Um recente estudo conduzido por pesquisadores de diversas universidades americanas, segundo a revista Wired, mostra que, de 2006 a 2011, ocorreram 18.520 picos de queda, ou “crashes”, na bolsa de Nova York. Só que essas quebras aconteceram durante períodos de até 950 milissegundos, o que torna impossível para um investidor humano identificar.
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Campeão: o computador Watson (ao centro), da IBM, vence quiz na tevê americana.
É como se existisse outro mercado, operado apenas por máquinas, rodando paralelamente ao gerenciado por pessoas, diz o estudo. Mas, se os computadores já são capazes de atuar como vendedores, seguranças e até financistas da bolsa de valores, estariam as máquinas prontas para assumir a forma de uma pessoa e, naturalmente, interagir com seres humanos, assim como foi retratado no filme “A.I.”, de Steven Spielberg? A resposta a essa pergunta, que intriga a humanidade há décadas, é sim. “Chegaremos a um grau de complexidade tão grande que teremos máquinas com características antropomórficas”, afirma Fabio Gandour, cientista-chefe da IBM no Brasil . “O comportamento delas pode ser confundido com o de uma pessoa.” A Big Blue tem uma área inteiramente dedicada a estudos sobre emulação do pensamento humano.
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No início do ano passado, a empresa deu uma excelente amostra do que é capaz. Ela apresentou ao mundo o Watson, um supercomputador que conseguiu derrotar dois dos maiores vencedores do programa de perguntas e respostas Jeopardy, sucesso da tevê americana desde a década de 1960. O Watson não consegue apenas processar uma enorme quantidade de informações. Ele entende a linguagem humana e formula respostas para questões complexas, como qualquer pessoa faz naturalmente. O Brasil também tem seus exemplos de máquinas pensantes. Em Curitiba, o designer Guilherme Lindroth criou a Guile3D, empresa que desenvolve assistentes pessoais virtuais. Usando técnicas de animação em 3D e sistemas de inteligência virtual, Lindroth desenvolveu um soft­ware que emula uma secretária, com nome e rosto.
O diferencial no caso é que a secretária virtual não funciona apenas com comandos de voz ou texto. É possível literalmente conversar com ela e pedir, usando linguagem natural, para o soft­ware realizar tarefas como ler e-mails, consultar e criar itens de agenda, dar as notícias do dia e anotar recados. Além disso, o sistema aprende sozinho a atender às demandas do “chefe”. “De maneira proativa, a secretária pode informar sobre uma via interditada em seu caminho para o trabalho”, afirma Lindroth. A empresa prepara para o próximo mês o lançamento da versão em português do software. Atualmente, ele é vendido apenas nos Estados Unidos e na Europa. O projeto já consumiu mais de R$ 4 milhões de investimentos. Parte dos recursos veio de um fundo de investimentos paranaense.
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Em Campinas, outra start-up, a LedFace, quer revolucionar as pesquisas na internet. A companhia desenvolveu um sistema que, diferentemente dos buscadores tradicionais, traz apenas uma resposta para cada pesquisa. Como ele consegue? Perguntando para as pessoas certas. “O Google e outros buscadores falham quando deparam com perguntas subjetivas”, afirma Horacio Poblete, um dos fundadores da LedFace. “Isso porque o conhecimento prático está na cabeça das pessoas, e não na internet.” O LedFace utiliza os conceitos de inteligência artificial e coletiva. Ao receber uma pergunta, o software analisa o conteúdo e direciona o questionamento para pessoas já familiarizadas com o assunto. O resultado é que, no lugar de uma série de respostas, muitas vezes irrelevantes, o usuário recebe apenas uma com o que interessa.
Projetos como os da Guile3D e da LedFace mostram que os computadores estão cada vez mais próximos de simulação de comportamentos humanos. Mas, com tanta inteligência, os supercomputadores podem representar um risco aos seres humanos? A julgar pelo que vem acontecendo, é justamente o contrário. As máquinas já começam a sentir na “pele” um pouco dos sentimentos mais perturbadores dos humanos, como o ciúme. Segundo Lindroth, na Inglaterra, um senhor beirando seus 70 anos comprou por cerca de US$ 200 uma cópia do assistente pessoal da Guile3D. Depois de alguns meses elogiando o produto, ele decidiu devolvê-lo e pedir seu dinheiro de volta. O motivo? Sua esposa o proibiu de conversar com o computador, pois achou que o marido havia arrumado uma namorada.
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A inteligência artificial no cinema
Máquinas superinteligentes, e nem sempre pacíficas, foram personagens de muitos filmes e seriados de televisão. Hollywood, aliás, é a grande responsável pelo fascínio das pessoas pelos cérebros eletrônicos. Conheça os robôs mais famosos das telas:
1- Os Jetsons (1962): produzido pela Hanna Barbera, o desenho da década de 1960 retrata uma família do futuro. Rose, a empregada robô, representava o funcionário ideal no imaginário da maioria das pessoas da época.
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2- 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968): do diretor Stanley Kubrick, o filme discute a evolução humana desde o descobrimento do fogo até os computadores inteligentes, como o emotivo HAL 9000.
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3- A Supermáquina (1982): na série produzida para a tevê americana, o ator David Hasselhoff contracenava com seu carro, um Pontiac Firebird, dotado de inteligência e personalidade própria.
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4- Blade Runner (1982): robôs criados geneticamente são banidos da Terra. Os que desafiam a lei são perseguidos pelos caçadores de androides, como Rick Deckard, que volta de sua aposentadoria para prender um grupo que está escondido em Los Angeles.
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5- O Exterminador do Futuro (1984): a história do longa-metragem, dirigido por James Cameron, gira em torno de um supercomputador chamado Skynet, criado para gerir a defesa americana, mas que foge do controle e se revolta contra os humanos.
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6- A.I. – Inteligência Artificial (2001): o filme, idealizado por Stanley Kubrick e produzido por Steven Spielberg, traz outra questão que intriga as pessoas há muito tempo: robôs serão capazes de amar como seres humanos?
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7- Eu, Robô (2004): no livro que inspirou o filme, o escritor americano Isaac Asimov apresenta as três leis da robótica: um robô não pode ferir um ser humano, deve obedecer às pessoas e preservar sua existência, sendo que uma regra não pode contrariar as outras duas.
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8- Wall-E (2008): o desenho retrata a história de amor entre Wall-E e Eva, dois robôs que foram deixados na Terra para limpar o planeta já inabitável pelos seres humanos.
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]BUENOS AIRES, 24 Fev (Reuters) - Os produtores argentinos concluíram o plantio das safras de soja e milho, que sofreram com a seca mais cedo nesta temporada, informou o governo nesta sexta-feira em seu relatório semanal.

A Argentina é um dos principais exportadores de milho, soja, óleo de soja e farelo. O governo prevê a produção de soja entre 43,5 milhões e 45 milhões de toneladas e a de milho entre 20,5 milhões e 22 milhões de toneladas.

Os produtores semearam 18,84 milhões de hectares com soja nesta temporada. A soja plantada mais tarde está em melhores condições do que aquela cultivada mais cedo, porque recebeu maior volume de chuvas desde meados de janeiro.

Inicialmente, a estimativa do governo era de uma produção de 53 milhões de toneladas.

O plantio de milho também foi concluído na semana passada com um total de 4,98 milhões de hectares.

A seca afetou mais severamente o milho do que a soja devido ao período crucial de seu estágio de desenvolvimento. A estimativa inicial era de 30 milhões de toneladas nesta temporada.

(Reportagem de Maximilian Heath)

]O manicômio tributário brasileiro oferece um vasto espaço para a atua­ção de sonegadores. Apenas no que diz respeito ao imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS), cada estado tem sua própria legislação, com um total de 3 500 normas em constante mutação.

Nos últimos anos, esse emaranhado se complicou ainda mais com o agravamento da guerra fiscal entre estados e municípios para atrair empresas e aumentar sua arrecadação. É fácil entender o apetite pelo ICMS. A arrecadação do imposto aumentou 33% desde 2009 e se aproximou de 300 bilhões de reais no ano passado.

A principal arma utilizada na guerra é a oferta de redução no tributo. Como resultado, vigoram no país mais de 40 alíquotas diferentes de ICMS, variando de 4% a 25%. E o que poderia ser bom — pagar menos imposto — se tornou um campo fértil para o crime.

O golpe mais aplicado é o passeio da nota fiscal. Há alguns anos, os golpistas elaboravam uma verdadeira engenharia logística para fraudar: partindo de um estado produtor, as mercadorias viajavam para estados com tributo menor. O passeio servia para esquentar a nota, registrando o produto como se tivesse sido produzido no estado que cobra menos imposto.

Depois, o bem voltava ao ponto de partida, geralmente São Paulo, para ser consumido. Com a criação da nota eletrônica, um clique no computador passou a ser suficiente para emitir o documento — são 180 milhões por mês no país. E aí nasceu o passeio 2.0: a nota fiscal cumpre virtualmente o trajeto para outros estados, mas o produto não sai do lugar.

Para simular que algo foi produzido num estado distante, basta enviar a nota para lá e depois fazer o inverso. Por mágica, o produto “muda” de origem. “A diferença de ICMS induz o desonesto a simular um destino fictício”, diz Clóvis Panzarini, ex-coordenador da Secretaria da Fazenda paulista.

Embora alguns estados e algumas empresas possam ter ganhos com a fraude, a economia do país só tem a perder. “A guerra fiscal promove distorção nas decisões de investimento, eleva custos e prejudica as empresas que andam dentro da lei”, diz o economista Paulo Rabello de Castro.

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