domingo, 11 de março de 2012

Quem são os empresários nacionais que estrearam no ranking da Forbes sobre os mais ricos do mundo.

Por Carlos Eduardo VALIM

O tempero brasileiro na lista dos bilionários do mundo dos negócios, publicada anualmente pela revista americana Forbes, ganhou um dedo de acréscimo neste ano. Para ser exato, de 20% em relação a 2010, quando foram contabilizados 30 brasileiros com fortuna superior a US$ 1 bilhão. Segundo o ranking, divulgado na quarta-feira 7, o País conta com 36 bilionários. Eike Batista, dono do grupo EBX, mais uma vez é o mais rico dessa turma, com estimados US$ 30 bilhões. Globalmente, chegou à sétima posição, um degrau a mais do que em 2011. A lista de bilionários, liderada pela terceira vez consecutiva pelo mexicano Carlos Slim, é composta de 1.226 nomes, cujos patrimônios são estimados em US$ 4,6 trilhões, quase duas vezes o PIB do Brasil.

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Já os endinheirados locais somam US$ 148,3 bilhões, cifra que supera as vendas da Petrobras, em 2011. Trata-se de um espécie em franca expansão: em apenas dois anos, o número de brasileiros com mais de US$ 1 bilhão dobrou, passando de 18 para 36 integrantes. “O real fortalecido diante do dólar ajuda mais brasileiros a entrar na relação”, afirmou à DINHEIRO Lírio Parisotto, fundador da Videolar e sócio da corretora Geração Futuro, que pela primeira vez aparece nesse seleto clube, com uma fortuna calculada em US$ 1,4 bilhão. “Mas o mais importante para o País é que sejam reconhecidos os empreendedores e quem gera negócios.”
Dos seis novos integrantes brasileiros, apenas o gaúcho Parisotto tem parte de sua fortuna atual multiplicada por meio da atividade no setor financeiro. Trata-se de uma mudança significativa em relação aos rankings anteriores. No passado recente, a lista de brasileiros era quase formada por um grupo exclusivo de donos de bancos comerciais, como os irmãos Joseph e Moise Safra (Safra) e os herdeiros das famílias Villela e Moreira Salles (Itaú Unibanco) e Aguiar (Bradesco). Todos eles permanecem bem colocados no ranking, assim como grandes banqueiros de investimentos, incluindo André Esteves, do BTG Pactual, e os fundadores do Garantia e hoje acionistas da cervejaria AB Inbev, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
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Essa turma fez seu patrimônio no eixo Rio-São Paulo, onde se concentrava a riqueza do País. O novo elenco de bilionários brasileiros é mais eclético, com empresários que geraram suas riquezas majoritariamente fora do Sudeste e apostaram na expansão do consumo, em especial da classe C. Tome como exemplo o empresário cearense Francisco Ivens de Sá Dias Branco, 77 anos, controlador e presidente da fabricante de massas e biscoitos M. Dias Branco. Ele aparece pela primeira vez no ranking, já ocupando a nona posição entre os bilionários brasileiros, com uma fortuna estimada em US$ 3,8 bilhões. “Para mim, foi uma surpresa agradável, o que mostra estar correta a nossa maneira de trabalhar”, afirmou Dias Branco.
Ele se beneficiou do aumento de 19,25% das ações da empresa fundada por seu pai, o português Manuel Dias Branco, e na qual trabalha desde os anos 1950. Ele possui ainda investimentos imobiliários no Ceará, que somam US$ 1 bilhão. O Nordeste conseguiu emplacar dois nomes na lista da Forbes. Além de Dias Branco, Nevaldo Rocha, 83 anos, o fundador do grupo potiguar Guararapes, dono da rede de vestuário Riachuelo, passou a figurar no ranking na 491a posição do ranking global, com uma fortuna de US$ 2,5 bilhões. “Esse é um sinal de descentralização da riqueza no Brasil”, afirma Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e filho de Nevaldo.
Segundo Rocha, muitas das novas fortunas brasileiras foram construídas por quem apostou na classe média emergente. É o que fez o mineiro Rubens Menin, da construtora MRV, que amealhou bens avaliados em US$ 1,8 bilhão. “Trabalhamos para a massa, construindo 50 mil apartamentos ao ano”, diz. O novo elenco de ricaços conta ainda com José Isaac Peres, dono da Multiplan, a segunda maior empresa de construção e administração de shopping centers, e com Antonio José Carneiro, mais conhecido como Bode, fundador do antigo banco Multiplic, hoje um dos principais investidores da Energisa, grupo que possui cinco distribuidoras de energia.
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O condomínio dos endinheirados
Oedifício do número 834 da Quinta Avenida, em Nova York, é uma espécie de clube dos bilionários. No suntuoso prédio próximo ao Central Park vivem quatro ilustres moradores: o magnata australiano, naturalizado americano, da mídia Rupert Murdoch, os americanos legítimos Alfred Taubman, dono da construtora de shopping centers Taubman, Charles Schwab, fundador da corretora que leva o seu nome, e Robert Bass, da companhia de petróleo Bass Enterprises. Bass se mudou para o 12º andar do condomínio – dois andares abaixo do triplex de Murdoch – na semana passada. Ele pagou US$ 42 milhões pela unidade.
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Rico lar: quatro moradores somam fortuna de US$ 16 bilhões.
Murdoch é o morador mais rico, com uma fortuna de US$ 8,3 bilhões. Ele comprou a cobertura de Laurence Rockefeller, neto do mítico John D. Rockefeller, fundador da Standard Oil, por US$ 44 milhões, em 2005. Em seguida vem o recém-chegado Bass, com US$ 3,6 bilhões. Schwab tem US$ 3,5 bilhões e mudou-se para lá em 2010. O mais modesto deles é Taubman, dono de uma fortuna de US$ 2,5 bilhões. O prédio foi projetado pelo arquiteto italiano Rosário Candela. O condomínio dos bilionários ficou pronto pouco antes da crise de 1929. Laurence Rockefeller comprou o edifício em 1946 e morou nos andares superiores, onde hoje vive Murdoch.
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As empresas brasileiras precisam ser mais agressivas"

O embaixador chinês Li Jinzhang está no posto, em Brasília, há menos de dois meses, mas já se acostumou a ler na imprensa muitas reclamações de empresários brasileiros em relação a seu país.

Por Denize BACOCCINA


Li diz que a China, responsável pelo sucesso das exportações de commodities do Brasil, também está aberta a comprar produtos de maior valor agregado, e sugere que as empresas estudem mais as oportunidades oferecidas na terra do presidente Mao. “Os empresários brasileiros devem ser mais agressivos para explorar o mercado chinês”, diz o embaixador à DINHEIRO. Diplomata de carreira, ele ocupou o posto de vice-ministro na chancelaria chinesa nos últimos cinco anos, o terceiro mais importante na diplomacia do país. Li, que já esteve nas embaixadas de Cuba e Nicarágua e foi embaixador no México, defende uma atuação conjunta dos governos brasileiro e chinês para combater os efeitos da crise internacional. Confira a entrevista:


DINHEIRO – O Brasil tem muitas reclamações contra a China na OMC. Como está a relação entre os dois países?
LI JINZHANG – Temos visitas frequentes de alto nível e uma confiança política muito profunda entre os dois países. Estamos discutindo novas áreas para o desenvolvimento da parceria estratégica. A cooperação econômico-comercial, em particular, se desenvolve muito rapidamente. Segundo a estatística chinesa, o comércio bilateral chegou a US$ 84,2 bilhões no ano passado, com alta de 35% em relação ao ano anterior. As exportações do Brasil à China respondem por 80% das exportações brasileiras para a Ásia. A China também quer mais cooperação em recursos naturais, energia, indústria automobilística, agricultura e na área financeira.

DINHEIRO – Como ampliar essa cooperação em face da crise?
LI – A cooperação pragmática já se desenvolveu bastante, mas ainda temos espaço para avançar. O PIB da China ultrapassou US$ 7 trilhões e o do Brasil, US$ 2 trilhões, que se tornou a sexta maior economia do mundo. O volume de comércio, de US$ 80 bilhões, ainda é uma cifra pequena.
DINHEIRO – E como ela pode ser ampliada? Hoje, o Brasil praticamente só exporta commodities para o mercado chinês.
LI – Temos de ter como premissa básica dessa cooperação o benefício mútuo e os ganhos partilhados. Para isso, precisamos seguir as regras da OMC e também as regras de funcionamento do mercado. Ao longo dessa cooperação é natural que surjam opiniões diferentes, até divergentes. Diante desses problemas, temos de ter um respeito recíproco e negociar de forma amistosa. Na China também há gente que reclama que nos últimos anos só tivemos déficit no comércio com o Brasil. Segundo as nossas estatísticas, o déficit chinês foi de US$ 80 bilhões nos últimos dez anos. Só no ano passado, foram US$ 20 bilhões, conforme a estatística chinesa, e US$ 11 bilhões, segundo a brasileira. Para o Brasil, isso significa que a China representou um terço do seu superávit. Esse superávit significa muitas vagas de trabalho na China.
DINHEIRO – No Brasil, quando se fala em equilíbrio, a reclamação costuma partir do setor industrial, que deseja exportar mais. O sr. acredita que o equilíbrio pode vir no sentido de zerar o déficit chinês?
LI – Há pessoas que querem isso, mas o governo da China não apoia essa ideia. Nós achamos que é natural ter algum déficit ou superávit no comércio bilateral. O mercado chinês tem forte demanda por esses produtos importados do Brasil e não podemos reprimi-la apenas para buscar um equilíbrio no comércio.
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Plantação de soja no Estado de Mato Grosso.
DINHEIRO – Como se dará esse equilíbrio?
LI – A estrutura do comércio bilateral, com exportação de manufaturados chineses, demonstra a natureza das economias e as vantagens comparativas de cada país. Não podemos imaginar a China exportando recursos naturais para o Brasil. A nossa vantagem comparativa está nos recursos humanos, porque temos uma população muito grande. Por isso a China pode oferecer produtos manufaturados de boa qualidade e preço competitivo. Mas também queremos importar mais produtos de maior valor agregado do Brasil. O mercado da China é aberto. No ano passado, nossas importações passaram de US$ 1,7 trilhão, incluindo muitos produtos industrializados. Estamos trabalhando para aperfei­çoar cada vez mais a estrutura de comércio com o Brasil. O setor de aviação civil da China importou 101 unidades do modelo ERJ da Embraer.
DINHEIRO – Por outro lado, a Embraer teve problemas para produzir na China...
LI – É bem natural o surgimento desse tipo de problema nos negócios entre as empresas. As companhias têm de ajustar sua atuação de acordo com a demanda do mercado. Mas agora, segundo o meu conhecimento, os negócios da Embraer na China estão indo bem. Associada ao parceiro chinês, a Embraer deve começar a produzir o jato executivo Legacy ainda neste ano. Creio que os empresários brasileiros devem ser mais agressivos para explorar o nosso mercado. Devem estudá-lo melhor e explorá-lo de forma positiva, para exportar cada vez mais produtos de alto valor agregado, de qualidade superior. Por exemplo, os produtos químicos e metálicos brasileiros têm um grande potencial. No ano passado, a exportação aumentou 30%.
DINHEIRO – O sr. acredita que os empresários brasileiros precisam ser mais agressivos ou eles não têm vantagens comparativas, preço, qualidade?
LI – Em relação a preço e qualidade, isso será decidido pelo mercado. Qualquer empresa para entrar num mercado tem de elevar a qualidade, adaptar-se à demanda dos consumidores e baixar custos. Mesmo com todos os problemas, sou bastante otimista. O Brasil é um grande emergente. E, em algumas áreas, é o mais avançado do mundo. É o caso do plantio de soja, que o Brasil desenvolveu na região tropical. Não se pode dizer que são produtos básicos. Têm alta tecnologia e produtividade. Além disso, o Brasil está bem avançado na área de biotecnologia, com o desenvolvimento do bicombustível e também em nanotecnologia.
DINHEIRO – O Brasil aumentou o IPI para carros importados, o que afetou empresas chinesas. Como o sr. avalia essa medida e quais serão as conversas com o governo brasileiro no próximo ano, quando a medida já não estará em vigor?
LI – O governo brasileiro já disse que é uma medida provisória. Quando a medida foi anunciada, muitos países já reclamaram na OMC.
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O presidente chinês Hu Jintao.
DINHEIRO – A China pretende reagir?
LI – Não. Nós preferimos negociações amistosas. Algumas empresas automobilísticas chinesas já começaram o processo para produzir no Brasil. Isso pode trazer tecnologia e gestão para as empresas de automóveis do Brasil e gerar mais postos de trabalho e arrecadação.
DINHEIRO – A exportação de frango brasileira já foi ampliada, porque a China colocou uma barreira às exportações dos Estados Unidos por causa de uma medida antidumping dos americanos. O Brasil também tem muitos processos antidumping contra produtos chineses. A China pode adotar uma medida semelhante em relação ao Brasil?
LI – Acho que o frango brasileiro é bem saboroso. Eu como todos os dias. Também começamos a importar carne suína do Brasil. Nas próximas semanas vem uma delegação chinesa de técnicos para analisar a importação de mais produtos. Pessoalmente, sou contra esse tipo de guerra comercial, retaliações, etc. Isso só vai causar prejuízos para os dois lados. Vira um círculo vicioso.
DINHEIRO – O embaixador brasileiro em Pequim, Clodoaldo Hugueney, disse que o Brasil vai impor novas restrições aos produtos chineses. Ele salientou, inclusive, que o governo chinês já foi avisado.
LI – Ainda não vi a íntegra do discurso do embaixador, apenas o que saiu na imprensa. Por isso não gostaria de fazer comentários sobre isso. Só posso dizer que o protecionismo não vai elevar a competitividade da indústria. Só vai prejudicar os consumidores.
DINHEIRO – Como estão as negociações para que o Brasil reconheça a China como economia de mercado?
LI – Estão em curso. Estão avançando.
DINHEIRO – A China apoiaria o Brasil para o Conselho de Segurança da ONU em troca do apoio na OMC?
LI – São assuntos completamente diferentes. A China não vai negociar com algumas questões de princípio.
DINHEIRO – E qual é o princípio nesse caso?
LI – Nós apoiamos a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Devemos dar prioridade ao aumento da representatividade dos países em desenvolvimento. O Brasil deve desempenhar um papel de maior destaque no cenário mundial.
DINHEIRO – Outra medida em estudo pelo governo brasileiro é a proibição de compra de terras por estrangeiros. Muitos chineses estão comprando terras no Brasil? Como o governo vê essa proibição?
LI – Não prestei muita atenção nesse assunto. Poucas empresas chinesas compraram terras no Brasil. As de outros países compraram mais. Os investimentos de empresas chinesas no Brasil têm de obedecer às regras locais.
DINHEIRO – Qual é o interesse do investidor chinês pelo Brasil?
LI – Temos interesse nas áreas de energia, com a Petrobras, construção civil e infraestrutura.
DINHEIRO – O governo chinês estabeleceu uma nova meta de 7,5% para o crescimento do PIB este ano antes os 8% adotados desde 2005. Qual é o impacto disso?
LI – A atual conjuntura econômica mundial é delicada, complexa e cheia de incertezas. A meu ver, uma taxa de crescimento do PIB de 7,5% é bastante alta. Com o aumento da produtividade e a melhora de vida do povo chinês, a demanda por commodities do mercado doméstico manterá uma tendência crescente no longo prazo.

A Cartier faz a hora no Brasil

Grife francesa deixará de vender suas joias em lojas multimarcas e terá uma sofisticada rede própria de alto luxo.

Por Hugo CILO


No início do século passado, o brasileiro Santos Dumont, inventor do avião, decidiu aposentar seu velho relógio suíço de bolso – daqueles que ficavam pendurados à roupa por uma corrente. A peça, embora fosse um acessório comum à época e símbolo de status nas altas rodas parisienses, era um estorvo para ele durante seus voos. Saber as horas envolvia um complexo ritual: retirar o relógio do compartimento, abrir a tampa e só aí ver o mostrador. Dessa necessidade, surgiu uma grande ideia. Em 1904, o aviador encomendou a seu amigo Louis Cartier, um dos três irmãos fundadores da relojoaria francesa Cartier, um modelo de relógio de pulso que, de forma rápida, facilitasse a visualização dos ponteiros.

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Juan Carlos Delgado: o executivo comanda a marca na américa Latina e fez do Brasil
prioridade nos planos mundiais da empresa. Ele foi fotografado no relógio
da torre da estação da luz, em São Paulo.
Nascia ali, na charmosa Champs Elysées, o modelo quadrado Tank, com pulseira de couro, batizado de Santos pelo relojoeiro. Em 1911, a peça passou às lojas e, até hoje, é um dos maiores sucessos de venda da marca. A história de Santos Dumont e Louis Cartier ilustra uma relação de longa data da maison francesa com o consumidor brasileiro. Mais de um século depois, a Cartier decidiu voar para o País, sem data para voltar. Apesar de já estar timidamente no mercado brasileiro há 14 anos, com uma butique própria em São Paulo, no bairro dos Jardins, e em algumas relojoarias multimarcas, só agora a grife decidiu projetar um plano agressivo para o varejo de luxo nacional.
Até o fim do ano, serão duas lojas – uma no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, e outra no Village Mall, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. “O Brasil se tornou prioridade máxima no plano de expansão da marca no mundo”, diz Juan Carlos Delgado, presidente da Cartier para a América Latina. “Queremos fortalecer ainda mais a relação da empresa com os consumidores brasileiros, história que começou com Santos Dumont.” De acordo com Delgado, estão planejadas outras unidades em várias capitais do País. “O número exato será definido nos próximos meses”, diz. O interesse da Cartier pelo Brasil, além da afinidade histórica, se explica pelos números e pelos cifrões.
Cerca de 70% das vendas para brasileiros são feitas fora do País, especialmente nas lojas de Nova York e Paris, que custam a metade do que é cobrado aqui. “Vocês já compram Cartier há muitos anos, e nossa decisão de investir aqui é porque queremos estar mais próximos dos nossos clientes”, afirma Delgado. É por essa razão que todos os produtos da marca trazidos ao País terão margens de lucro reduzidas, segundo o executivo. “Tanto nossos relógios quanto nossas joias custarão no Brasil apenas 15% mais do que custam na Europa e cerca de 20% sobre o preço encontrado nos Estados Unidos”, afirma. O empenho da Cartier em oferecer preços mais acessíveis fez parte de uma estratégia que tem como meta garantir uma fatia do mercado de luxo.
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Sede da Cartier, em Paris: foi na loja da Champs Elysées que Santos Dumont
inaugurou a relação da marca com os brasileiros.
O tíquete médio da marca no Brasil é de R$ 15 mil – equivalente ao das rivais Louis Vuitton e Tiffany, que também estão de olho no consumidor brasileiro. Há peças da Cartier, no entanto, que vão de R$ 1 mil a R$ 300 mil, opções que ampliam o leque da grife. O reposicionamento da Cartier no Brasil está nas mãos de um dos mais respeitados executivos do grupo, o francês Maxime Tarneaud. Nomeado como novo diretor, ele está no Brasil há seis anos, com passagem pela Louis Vuitton e pelo grupo Iguatemi, onde era responsável pela divisão de marcas internacionais. Tarneaud foi quem trouxe ao País grifes como Diane von Furstenberg e Louboutin. “A nossa empolgação com o Brasil reflete o otimismo da empresa com o País”, diz Tarneaud.
“Os planos são audaciosos e não irão demorar muito tempo para mostrar resultados impressionantes.” Ao que tudo indica, os planos da Cartier para o Brasil irão decolar nos próximos anos. O grupo Richemont, que a controla, também está fortalecendo marcas de alta relojoaria como Panerai, IWC e Van Cleef & Arpels – todas com planos de investimento aqui. A Cartier, no entanto, é prioridade. A grife responde por mais de 50% da receita da companhia, que chegou a € 6,8 bilhões no ano passado, 33% maior que a do período anterior. E, nesse contexto de faturamento em alta, o Brasil é peça-chave para que a grife mantenha o compasso dos ponteiros financeiros da Cartier.

Brasileiro perde título do torneio de Schwarzenegger para baixinho em categoria errada

Bruno Doro
Do UOL, em São Paulo
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No mundo do fisiculturismo, cinco centímetros fazem muita diferença. Que o diga Amado Moura. O brasileiro perdeu, na semana passada, o título do Arnold Classic, competição criada pelo ator Arnold Schwarzenegger, para um rival de 1,75m – Amado tem 1,80m. A derrota, porém, não foi o maior problema.

BRASILEIRAS LEVAM TÍTULO DO ARNOLD

  • Divulgação

    As mulheres foram os destaques do Brasil no Arnold Classic 2012. Iara Vieira (foto), na categoria Figure B (até 1,59m), e Alessandra Barata Pinheiro, na Figure E (até 1,70m) ficaram o título do torneio, disputado em Columbus, no estados de Ohio, nos EUA.

    Entre os homens, o único campeão verde-amarelo foi Charles Soares, na categoria Bodybuilding até 85kg.

Amado competiu na categoria Amador Classe C, para atletas acima de 1,80m – ele tem 1,81m. E o vencedor foi o paraguaio Gerardo Samaniego, que, segundo o brasileiro, tem 1,75m. “Não é exatamente uma diferença de definição muscular. O que ocorre é que o mesmo volume de músculos em uma pessoa menor aparece mais do que em uma pessoa de 1,80. Por isso, no Arnold existe a divisão de categorias por altura”, explica o brasileiro.

Durante a competição, ninguém notou que o baixinho estava na categoria errada. “Fiquei muito chateado, pois todos me deram a vitória, inclusive meus adversários”, reclama Amado. “Não sabemos o que ocorreu, mas os responsáveis já estão analisando o pedido de revisão de resultados, é preciso aguardar”.

“Bodybuilder” há 22 anos, o título seria o primeiro de Amado no tradicional Arnold Classic. Ele foi campeão mundial máster em 2010, em campeonato na Turquia, e, no ano passado, em sua estreia no torneio de Schwarzenegger, ficou em terceiro.

“O Arnold é o maior evento multi-esportivo do ‘bodybuilding’, proporciona ao atleta a oportunidade de destaque que nenhum outro evento dá. Conquistar um resultado nesta competição é extremamente importante para os atletas, principalmente para os brasileiros. O Arnold começou em 1989, eu comecei a treinar em 1991 e participar deste evento era um sonho quase inatingível. Hoje, é uma realidade”.

A preparação para a edição 2012 do torneio começou no ano passado e envolveu um regime radical para Amado. “Comecei a minha dieta exatamente no dia primeiro de outubro de 2011. Eu tinha a necessidade de perder 20 quilos para me adequar à categoria. Durante cinco meses, passei a me alimentar oito vezes por dia, com uma dieta regrada, à base de filé de frango, clara de ovos, arroz e batata, além dos suplementos nutricionais”, conta.

Toda a preparação do fisiculturista é feita em sua própria academia, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, que nasceu da paixão pelo esporte. “Comecei a praticar bodybuilding em 1991. No início, não tinha condições de pagar uma academia, resolvi treinar em casa e fazer meus próprios equipamentos de madeira e ferro . Acabei montando a minha própria academia. Meu único objetivo era ser campeão. Os amigos gostaram da ideia e começaram a treinar comigo. Neste início aprendi tudo sozinho, buscando informações, para evoluir nos treinos e na minha alimentação. A academia acabou sendo aberta ao público, chegando a ter mais de 100 alunos. Daí para frente, foi só buscar o aperfeiçoamento e perseverar”.

FISICULTURISMO DIZ SER MAIS SAUDÁVEL QUE MUNDO DAS MODELOS

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    O leigo que observa um praticante do fisiculturismo em momento de competição, com músculos saltando e definição corporal aparentemente no limite, talvez imagine a maratona de malhação a que esses atletas são submetidos e, em alguns casos, se apega à reputação de prática ligada ao universo dos anabolizantes. Mas os praticantes afirmam com a convicção que a meta de construção de músculos é mais saudável do que alguns acontecimentos melhores aceitos na sociedade.

    "Uma modelo fica sem comer para ficar magrinha, arrisca a sua saúde, e depois a gente é que é errado. A gente que só leva coisa boa para o corpo", diz Lucas di Santi, brasileiro campeão mundial da Nabba (National Amateurs BobyBuilders Association), uma das entidades mais tradicionais do fisiculturismo, em menção a casos de bulimia entre as meninas que desfilam.


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