Os títulos da Centrais Elétricas do Pará SA perderam mais da metade do valor após a companhia entrar com pedido de recuperação judicial, em meio ao crescente endividamento e mais de quatro anos de congelamento das tarifas.
Os bônus de 5 anos da Celpa, com vencimento em 2016, caíram 54,25 centavos de dólar para 50 centavos no fechamento ontem em Nova York, de acordo com o Trace, o sistema de informação de preços de títulos da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira. A Fitch Ratings reduziu a classificação dos títulos da empresa de B- para D.
“Esse anúncio provavelmente resultará em default de pagamento para parte ou toda dívida da Celpa e resultar em renegociação de dívida,” disse a Fitch em comunicado.
A Centrais Elétricas Brasileiras SA pode ajudar o controlador da Celpa, a Rede Energia SA, se for solicitada pelo governo, segundo reportagem publicada pela agência Reuters ontem, citando o presidente da Eletrobras, José Carvalho Neto. A assessoria de imprensa da Eletrobras não quis a confirmar ou negar a reportagem da Reuters.
Os bônus perpétuos da rede Energia caíram 15,51 centavos ontem para 68 centavos de dólar, de acordo com o Trace. O rendimento dos papéis subiu de 13,3 por cento para 16,4 por cento a.
“Essas empresas têm problemas de fluxo de caixa, mas também são ligadas ao governo federal,” disse Marco Aurélio de Sá, diretor do Credit Agricole Securities, em entrevista por telefone de Miami. “Eventualmente, algum tipo de acordo será feito, especialmente se você considerar que o governo brasileiro tem um interesse estratégico no setor elétrico.”
Parceiro
A Celpa distribui eletricidade para 7,4 milhões de pessoas em 143 municípios no estado do Pará. A geradora e distribuidora é controlada pela Rede Energia, cujo principal acionista, Jorge Queiroz de Moraes, disse em dezembro estar procurando por um “parceiro estratégico” para comprar uma participação minoritária ou de controle na Rede.
O endividamento da Celpa cresceu para R$ 1,96 bilhão no terceiro trimestre, comparado a R$ 1,57 bilhão um ano antes. Ao mesmo tempo, o dinheiro disponível em caixa ou equivalente caiu para R$ 259,1 milhões, comparado a R$ 680,4 milhões.
Diversas normas da Agência Nacional de Energia Elétrica nos últimos anos “passaram a impactar drasticamente” os resultados da Celpa, disse a empresa ontem em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários com a cópia da petição inicial do pedido de recuperação judicial. A Celpa também disse ter sido prejudicada por atrasos nas revisões das tarifas. A Celpa, distribuidora de energia elétrica do Estado do Pará controlado pelo Grupo Rede Energia, entrou com pedido de recuperação judicial, informou a companhia em fato relevante nesta terça-feira.
"A despeito dos esforços da administração junto a credores e potenciais investidores, o pedido de recuperação judicial mostrou-se inevitável diante do agravamento da situação de crise econômico-financeira da Celpa e do imperativo de proteger a continuidade dos serviços públicos por ela prestados", informa a empresa.
Segundo o comunicado a medida visa proteger o valor dos ativos da Celpa, atender aos interesses dos credores, na medida dos recursos disponíveis e manter a continuidade das atividades da companhia.
A Celpa é uma das distribuidoras com pior desempenho do Grupo Rede Energia e segundo o balanço patrimonial fechado em setembro de 2011, tinha uma dívida de curto prazo de 1,4 bilhão de reais e de longo prazo também no mesmo valor.
Uma fatia de 54 por cento do acionista majoritário da Rede Energia, Jorge Queiroz Jr, está a venda em uma operação da qual o grupo AES e a a chinesa State Grid já desistiram, diante dos riscos regulatórios e do preço pedido pela participação.
A CPFL ainda estaria conversando com o grupo, segundo fontes, mas analistas chegaram a afirmar que a venda desmembrada dos ativos de distribuição poderia atrair mais interessados.
A Rede Energia também convocou uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para 19 de março, na qual serão discutidas contratações de assessorias especializadas para propor alternativas à superação da crise econômico-financeira da companhia.
O pedido de recuperação judicial ocorre no momento em que empresas do setor de distribuição discutem os efeitos das novas regras do terceiro ciclo de revisão tarifária em suas receitas, com expectativa de que haja redução.
A Celpa, no entanto, não deu detalhes, sobre se esse fator teria ajudado a motivar o pedido de recuperação judicial.
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