Se o ritmo de redução de spread das últimas semanas se mantiver nos próximos dez anos, o assessor econômico da entidade, Fábio Pina, prevê que R$ 84 bilhões sejam liberados para o consumo ao longo do período - R$ 57 bilhões para as famílias e R$ 27 bilhões para as empresas.
Segundo a Fecomercio-SP, sobre o total do estoque da dívida de crédito livre, de R$ 1,240 trilhão (R$ 650 bilhões de pessoas físicas e R$ 590 bilhões das pessoas jurídicas), R$ 450 bilhões seriam pagos a título de juros médios, o equivalente a 36% da dívida total. Desses R$ 450 bilhões, R$ 327 bilhões correspondem ao spread, e o restante, R$ 123 bilhões, correspondem ao custo do dinheiro - a taxa básica de juros, Selic.
Para os próximos dez anos, a Fecomercio-SP defende a redução do custo administrativo dos bancos, impostos, taxa de risco e lucros. Desta forma, segundo cálculos da entidade, haveria uma redução de R$ 84 bilhões em pagamentos de juros devido a ganhos de eficiência ao longo do tempo.
De acordo com o economista, esse valor certamente irá para o consumo. "Se as pessoas estão dispostas a pagar juros, elas estarão mais dispostas ainda a comprar alguma coisa com este valor. Para mim, isto parece óbvio. Por isso, se me perguntarem se este recurso vai para a poupança, eu digo que não, e isso é positivo", afirma.
Para o economista da Fecomercio-SP, mesmo com a redução do spread esperada pela entidade daqui dez anos, a diferença entre o custo de captação de dinheiro e o juro cobrado na hora do empréstimo deve permanecer elevada. Segundo Pina, essa diferença, hoje, corresponde a 30 pontos porcentuais. "Pela nossa perspectiva, o spread deve ir para algo entre 22 e 23 pontos porcentuais, o que é ainda muito elevado", observa o economista da Fecomercio-SP. Neste cenário, o lucro dos bancos, segundo cálculos da entidade, cairia de R$ 115 bilhões por ano para R$ 75 bilhões ao ano, redução de 34,7%. A Fecomercio-SP prevê que as vendas no varejo este ano devem crescer de 5% a 6%. "Mas estamos com perspectiva de alta, porque os primeiros dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vieram melhores que o esperado".
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